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Moullinex, um cocktail de instrumentos servido em bandeja de ouro

Em 2012, os Moullinex partilharam connosco um conjunto de experiências e de emoções ao qual deram o nome de “Flora”, um vício que passou a circular nas veias dos fãs e dos que passaram a sê-lo. Passados 3 anos de espera, surge um novo vício, “Elsewhere”, que, a avaliar a noite da passada quinta-feira, teve os efeitos desejados.

Sendo o Lux Frágil a casa que é, não poderia ter existido melhor casamento entre uma banda e um espaço. Tudo indicava uma noite cheia de boas sensações e divertimento.

Com meia hora de atraso, os Moullinex sobem ao palco com mais quatro elementos (Diogo Sousa na bateria, André Cameira na flauta, João Romão na percussão e Pedro Castilho nas teclas), vinham todos com macacões cinzentos e ténis brancos, como se quisessem reparar ouvidos e corações.
Defronte para um Lux cheio e expectante, começaram com uma música meramente instrumental e de curta duração, revelando que as 23h30 que batiam no relógio seriam apenas o início de uma noite quente e cheia de boas energias.

Em cima do palco, o cenário era composto por nuvens, montanhas, estrelas e um ananás e foi assim que nos trouxeram as músicas que compõem o novo álbum. Foram 8 de seguida onde se denota uma maturidade (ainda) maior de construção musical. As músicas são deliciosamente mais calmas e muito trabalhadas, imperam os solos de guitarra que se interligam com as linhas do baixo numa viagem que segue caminho até ao espaço e nos teletransportam para outro planeta. A distorção predomina, a guitarra do Miguel Vilhena aposta no psicadelismo e o Bruno Cardoso acompanha.

Trocam-se as posições e Luís Clara Gomes vai para as teclas para nos prendar com “Flora” e aveludar a música com os dedos. O público saboreia de olhos fechados e sorriso nos lábios.

Deixada “Flora”, ouve-se a intro de “Take My Pain Away” e a loucura instala-se. Braços no ar e vozes a ecoar pela sala, a magia existente entre o palco e o público é notória e o ambiente de descontração dos mestres dos instrumentos é contagiante. Luís, vê o cenário perfeito para mergulhar na multidão e vai sem medo.

Seguem-se mais 2 faixas do novo álbum e os ânimos voltam a estourar com “Take a Chance”, onde o Luís afirma que não vai desistir. A verdade é que não desistiu e voltou para um encore de mais 2 músicas, já num registo mais rock com as cordas a comandar. A viagem foi feita e o público adorou o transporte. Durante a viagem foi servido um cocktail de música cheia de energia, satisfação, genialidade e versatilidade comparável a um néctar dos deuses.

O prazer auditivo imperou e a noite continuou com Fort Romeau, Sono e um set de Moullinex com Xinobi.

Texto – Eliana Berto
Fotografia – Valentina Ernö (Silvana Delgado)