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Carlão, A festa dos Quarenta

Foi na passada quinta-feira que decorreu, no Lux, o concerto de lançamento do álbum a solo de Carlos Nobre, também conhecido por Carlão, Quarenta. Uma festa que teve algumas surpresas mas acima de tudo foi uma festa para os amigos, fossem eles conhecidos ou não.

Foi um concerto rápido, ou pelo menos assim o pareceu, também porque só há um álbum, ou seja, há essa limitação, contudo foi uma viagem que nos levou (enquanto público) à descoberta do mundo do hip-hop do Carlão.

O início, a podermos adjetivá-lo, foi intrigante, com uma exploração do lado mais pessoal do Carlão, no disco. Com a exploração de como Quarenta, ou no Topo do Mundo, a mote que levaria o ex-Da Weasel aos céus já estava dado.

A noite prometia longa, pelo menos nas palavras de Carlão, dados os “pregos” que ia soltando, tamanho o nervosismo. Mas obviamente perdoados pelos afectos ao artista. Não havia importância de ficar lá até às 7 da manhã, não fosse o dia seguinte, dia de trabalho.

O hip-hop puro e duro surge em modo q.b., mas quando surge leva ao misto de delírio e respeito de qualquer um. Caso disso é o Entre o Céu e a Terra. Claro que não faltou a parte mais interventiva, não estivéssemos em pleno Abril, o que “até calha bem”, com o pujante Colarinho Branco e o corrosivo Comité Central a saírem das cordas vocais do Carlão, mas também de alguns dos presentes na audiência que, apesar do disco ser recente, as letras já estão memorizadas.

Os grandes momentos da noite estavam guardados para já quase bem perto do final. Primeiramente, com Dino D’Santiago, que surgiu para deslumbrar os seus dotes musicais com Nuvens (ainda com uma repetição devido ao nervosismo perdoável do Carlão).

Perante um silêncio, não estranho, mas imponente, só ao som de uma guitarra, Sara Tavares subiu ao palco para cantar Bla Bla Bla, sendo que cada vez que se a vê ao vivo, ficamos mais rendidos à voz limpa e sedutora. Ainda ficaria para mais um pouco para ajudar na festa, cantando o Krioula.

Uma ressalva também para quem o acompanhou nesta demanda. DJ Glue a partir a loiça toda (ou melhor dizendo, os discos) e Bruno Ribeiro, que o conhecemos mais da participação de um concurso musical recente, que ficou encarregue de abrilhantar ainda mais esta noite que aqueceu o Lux. Para terminar estava guardado o Outro (um minuto) e o single, o mexido “Os Tais”.

Foi o mote derradeiro de uma festa que se estenderá a Portugal inteiro durante este ano.

Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Luis Sousa