2014 Festivais Outros Reportagens SUMMER JAMMIN

Ao Tom dele, do Samuel

O som do mar serviu na perfeição para acompanhar em uníssono Samuel Úria, a eléctrica, a acústica, e o Banjo, na sua passagem pelo Summer Jammin em Santa Cruz.

O burburinho nas filas da frente era sobre “as meias e os sapatos” dele. Que afinal se apresenta sem meias e sem fato e gravata. Samuel Úria vem vestido à ocasião de praia.

Das ramagens verdes salta “Ao Tom dela”, que nos é apresentado como a terra do interior natal, a contrastar Santa Cruz a terra de mar.

Com pouca timidez e uma proximidade com os “passengers” da nave que estava muito acolhedora, seguiu determinado com a eléctrica e com “Essa voz” (dele), e na marca histórica de “Something” (1969) trasladada para português “Algo”. O Banjo entra cena, criando os
acordes das pedras cantantes do “Espalha Brasas” do último CD“O Grande Medo do Pequeno Mundo”, tão justamente apreciado pela crítica.

“Para ninguém”, que dedica a si mesmo como um músico solitário mas não só, pois neste momento já tinha a nave como cúmplice da sua simplicidade e humanidade (gigante).

Recuperado do negro do grunge de Seatlle, por volta 1994, “Tema triste” fala sobre o cinzento e o triste da dura adolescência, essa espécie de limbo cruel por onde todos nós passámos (já?).

“Não arrastes o meu caixão”, que apesar do esforço do cantautor, não deixámos de sentir a falta dos restantes “pistoleiros” (acordeão e órgão) que fazem com que este tema seja um dos melhores temas do seu 1o CD “Nem lhe Tocava”. Seguiram “Má poesia feia” (do CD “A
Descondecoração de Samuel Úria, 2010) e “Lenço Enxuto” dueto com Manuel Cruz, em que Samuel minimiza o impacto das ausências, da voz e dos instrumentos, e da eléctrica que fica sem uma corda.

A eléctrica teimosa continua com o moleque “Teimoso” e é acompanhada pelo coro do público no refrão. Seguiu “Em caso de fogo”, música baseada no texto homónimo de António Pocinho, e já quase a chegar ao final a acústica acompanha a eléctrica e perde também uma corda.

Samuel Úria continua, e “para que o tempo não gangrene” remata com “Barbarella e Barba Rala”.

Samuel acabou o concerto, agradeceu os aplausos calorosos que durante o concerto ouviu, deixou a eléctrica, a acústica e o banjo no palco, desceu e veio conversar com o público. E nós ficámos com ele, e na envolvência da sua simplicidade (gigante).

Em Bruto (EP, 2008)
Nem lhe Tocava (CD, 2009)
A Descondecoração de Samuel Úria (CD, 2010)
O Grande Medo do Pequeno Mundo (CD, 2013)

Texto – Carla Sancho
Fotografia – Luis Sousa
Promotor – Transforma