Concerto

ZU + Älforjs

Loading Map....

Data/Hora
Date(s) - 30/11/2016
22:00 - 23:45

Location
Galeria Zé dos Bois

Categories


Não há na cena musical europeia muitas bandas como os Zu. Desde 1999, quando se formaram na capital italiana, já construíram uma discografia de vinte títulos e colaboraram com uma ampla galeria de músicos. A lista é respeitadíssima e inclui gente do jazz (Jeb Bishop Mats Gustafsson, Fred Lonberg-Holm), do rock (Buzz Osbourne) ou de territórios menos mapeáveis (Nobukazu Takemura, Eugene Chadbourne). A cumplicidade com os outros é um dos traços deste trio, sempre receptivo a ideias que provenham do mesmo universo musical. Sublinhe-se: a história dos Zu sempre se fez assim, no entusiasmo da apropriação, na alegria da troca, sem pôr em causa a fidelidade a um lugar indefinível mas real. Aquele em que o jazz se aliou ao libertando as forças do noise-rock.

Essa é a filiação de Luca Mai (saxofone barítono) e Massimo Pupillo (baixo), agora acompanhados por Gabe Serbian, que já tocou com os The Locust, Holy Mollar e Alec Empire. O que fazem e dão a ouvir continua a ser a mesma mistura orgânica, densa e pujante que impressionou John Zorn e Mike Patton e que revelou, implacável, todas as partes que a constituem em Cortar Todos (lançado em 2015).

É o disco mais metálico dos ZU, em que o trio vai buscar inspiração ao rock dos High On Fire ou dos Sleep, sem apagar o groove jazzístico ou submergir a presença do baixo. E é também aquele onde se descerra a toda a capacidade de invenção da banda. Ouçam “Rudra Dances Over Burning Rome”: arranca num ritmo trepidante, guiado pelo baixo e o saxofone, mas logo se contrai num break violento, antes de nova aceleração que culminará num desfecho quase silencioso. “Cortar Todo” é exemplar de um virtuosismo que contagia, em uníssimo, os três músicos. Os instrumentos erigem um bloco sonoro que vai cedendo à força da bateria, transformando-se numboogie-jazz-rock musculado sob o estremecimento do sopro. Embora amantes de uma profusão de sonoridades, os Zu não desdenham a importâncias dos contornos e das formas. Reparem em “A Sky Burial”, encarnação delirante dos Morphine se estes apreciassem o free-jazz e o metal mais extremo. Ou “Orbital Equilibria” a insuflar o math-rock de uma agilidade pouco habitual ou, ainda “Conflict Acceleration”, sentido e feliz tributo ao noise de Providence, Rhode Island.

Os Zu não se afundam nesta miríade de estilos, sonoridades, modelos, formas que absorvem. Alimentam-se da sua abundância, criando um lugar que, sobre as afinidades inquebráveis entre o jazz e o rock, se constrói autónomo e poderoso. Como se diz hoje, “brutal”, não bruto: assim nos segreda esse grande tema que é “Pantokrator”. Aguardem-no neste concerto, ao lado de outro espasmos desta banda que veio de Roma. JM

Formação: Gabe Serbian: bateria | Luca T. Mai: saxofone barítono | Massimo Pupillo: baixo

A primeira parte pertence aos portugueses Älforjs.

Entrada: 10€ | Bilhetes disponíveis em breve | reservas@zedosbois.org

+info em https://www.facebook.com/events/1751367931818387/