Concertos Reportagens

Tim Bernardes, “Raro Momento Infinito” em Lisboa

Tim Bernardes regressou a Portugal para dois concertos em Lisboa (Campo Pequeno) e no Porto (Super Bock Arena), com as duas salas esgotadas. ‘Raro Momento Infinito’ é a concretização de um trabalho longo e minucioso de arranjos orquestrais de duas dezenas dos seus melhores temas, do álbum “Recomeçar” (2017) e de “Mil Coisas Invisíveis” (2022). Uma orquestra com 17 músicos, sob a direção do maestro português Martim Sousa Tavares, deram corpo e embelezaram um espetáculo onde alguns temas foram tocados pela primeira vez ao vivo com estes arranjos (‘Volta e Meia’, O Terno). Uma noite de reencontros felizes entre Tim Bernardes e o público português, onde a ovação às suas preces foi pura devoção ao músico brasileiro.

A simplicidade da sua presença, quase que nos fez esquecer aquele palco cheio de instrumentos afinados, onde a harpa e o violoncelo se destacaram pela sua imponência estética. Sempre com um sorriso, de simpatia e felicidade, foi trocando palavras de conforto com o público que o recebera de braços abertos desde as suas primeiras atuações com O Terno (“Portugal foi onde ‘Recomeçar’ se espalhou. Quem esteve nesses primeiros concertos?”). Em ‘Raro Momento Infinito’, o músico paulista faz-se acompanhar dos seus dois parceiros de estrada, Tito e Charlie. A quem não poupou elogios e onde evidenciámos, que a cumplicidade é a melhor receita para uma harmonia instrumental quase celestial.

Um início com ‘Nascer, Viver, Morrer’ e onde foi caminhando no seu reportório noite dentro, ‘Mistificar’ (“Enterrei Deus no quintal”), ‘Falta’ ou ‘Realmente lindo’. Entre a afinação do violão, o intercalar da guitarra elétrica e emergido em simples acordes, Tim Bernardes extravasava em exponenciais agudos os seus versos sentidos, de amores não correspondidos ou dos desalentos dos desalinhados (“hoje morri por dentro”). O toque alongado dos dedos nas teclas do piano, mergulhava na delicadeza dos violinos que se juntavam em crescendo, resultando numa melodia tão doce quanto imponente (‘Recomeçar’).

Uns temas acompanhados com luzes intensas de cores primárias, como o verde vivo que se confundia com a sua camisola, outros em que essa intensidade de luz dava lugar à sua silhueta curvada sobre a viola projetada na parede, resultando numa simplicidade cenográfica muito bonita.

Enquanto afinava os instrumentos, ou trocava de guitarra, o músico foi dando algumas pitadas de humor aqui e ali, “Quais são as novidades? No Brasil existem novidades incríveis!”, que mereceu um forte aplauso do público.

O tema ‘Prudência’, o qual compôs para Maria Bethânia (2021), e o ‘Só Nós Dois’ foram tocados a solo e, justiça lhe seja feita, se afinal não foram tão perfeitos quanto todos os outros com os arranjos da orquestra! Neste último tema (qual “Grande amor da minha vida”), Tim Bernardes contou com a ajuda do público que, em uníssono, e quase com medo de abafar a sua voz, cantou suavemente praticamente do início ao fim. Foi talvez dos melhores momentos da noite.

Tim Bernardes é uma espécie de contorcionista, pois a versatilidade e facilidade com que maneja o seu instrumento vocal, em que num único folego sobe aos agudos, e numa expiração desce para os graves, tornando as suas músicas limpas e melodiosas. As “Histórias do Cinema” que tiveram “os arranjos com todo o mundo” (com o maestro Martim Sousa tavares, claro), foi um outro momento da noite a assinalar. Nesta altura o problema técnico de som já estava estabilizado, e tudo corria na perfeição.

Quase no final o tema ‘Recomeçar’, que iniciou com um solo de piano seguido pelos violinos, e quando se juntaram os instrumentos de sopro, uma melodiosa valsa que deixou o público rendido à sua beleza.

Já no encore e a terminar, “outra estreia mundial” com os arranjos do tema ‘Poeira Cósmica’ (com letra dos BADBADNOTGOOD) num ritmo de música de baile dos anos 1960´s. “Que beleza muito obrigada por isto!” agradeceu Tim na bateria de Charlie.

Uma noite com o Campo Pequeno esgotado, com um público feliz e devoto ao seu mestre. Com ou sem banda, com arranjos de orquestra ou somente com o violão Tim Bernardes é, definitivamente, um dos músicos brasileiros da atualidade mais acarinhado pelo público português, e que continua a conquistar cada vez mais fãs entre as várias gerações.

  • 20251126 - Tim Bernardes @ Sagres Campo Pequeno
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