O terceiro álbum de originais dos Democrash foi apresentado em Lisboa na passada 6ª feira na sala do Tokyo, no Cais do Gás em Lisboa. Depois do denso ‘Propelled by Gas from Cans of Soda‘ (2022), ‘Important People‘ vem consolidar a maturidade sonora dos Democrash e reforçar a sua singularidade na mensagem tão contestatária quanto apropriada ao tempo em que vivemos.
O concerto foi composto por duas partes, uma primeira onde foi apresentado parte do novo álbum, e a segunda com uma mistura da restante discografia. Uma curta pausa para dar tempo ao público de assimilar as novas músicas e trocar umas impressões com os músicos, situação invulgar nos concertos, mas com os Democrash a proximidade é de facto vivida (adorei!).
O primeiro single de lançamento, ‘The Concept of Clothing’, surgiu logo no inicio (segundo tema da noite) intensamente envolvido pelo sax de Vitor Martins. Sem os habituais adereços performativos, como plumas, óculos escuros ou casacos arrojados, Octávio Nunes surgiu apenas com luzes brancas, enroladas nos braços e no pescoço, mantendo-se todos os restantes músicos em vestes sóbrias. A assinalar a presença de um novo músico na banda (João Nunes), em que acompanhou toda a primeira parte nas teclas. ‘Important People‘, tema que dá nome ao álbum e segundo single lançado aquando do LP dia 12 de maio, com uma sonoridade arrojada e que ao vivo se torna mais orgânica nos arranjos e no encaixe harmonioso dos acordes. Tema que “questiona o véu do estatuto social”, colocando a nu a prepotência de alguns e as frustrações de outros.

‘I hate what I’, tema que começa com riffs tradicionais de um Rock mais billy, que se vai diluindo numa bateria certeira e em espaços encorpados pelo sax. Tal como ´Tourists’, ambas as músicas de disparos curtos, que se sentem como um shot de tequila fresca perfumada em citrinos. ‘Hacked’, num registo mais pop-rock, reconhecem a “alienação urbana ao hacking emocional”.
Seguiram com a aceleração do tema ‘Le Toit de La Maison’, o único tema em francês do álbum, que introduz breves apontamentos de sons singulares e mais orgânicos que fizeram o público acompanhar com movimentos mais expressivos. A esta altura os fans dos Democrash já estavam rendidos ao novo trabalho da banda, e aplaudiam com efusão as músicas apresentadas. ‘The Great Takeover’ e ‘No Ground Control’, numa comunhão antagónica da flauta e da guitarra (Rui Garrido) a encerrar a primeira parte.
Passaram pouco mais de 10 minutos quando regressaram ao palco e, numa festa ‘dourada’, injetaram de rajada mais 10 temas. Distribuídos pelos dois álbuns, ‘Propelled By Gas From Cans of Soda’ (2022) e ‘Democrash’ (2015). Um momento de revivalismo, com a projeção de imagens de vários momentos marcantes da banda e de cada músico. Conseguiram o feito de manter um ritmo energético do inicio ao fim, e ainda tivemos direito a encore, com um final perfeito com ‘End of the song’.

Os Democrash demonstraram ser uma banda que já saiu da ‘garagem’ há muito, atenta aos movimentos sociais e políticos contemporâneos, e com um registo musical sui generis e bastante cuidado, não caindo na vulgaridade roqueira que muito se ouve atualmente. Esta foi uma noite de encontros e reencontros entre os fans, que são cada vez em maior número, e a banda. ‘Important people‘ é um conjunto de músicas singulares (únicas), que nos fazem ouvir em repeat e a (re)descobrir sempre algo de novo.
Os Democrash irão andar por vários pontos do país, e terão certamente lugar em palcos de festivais de verão. Estejam atentos à sua agenda.

























































