Concertos Reportagens

Drahla & Them Flying Monkeys, domingos da juventude inquieta

No passado domingo á tarde a Galeria Zé dos Bois recebeu o concerto, em formato matiné tardia, dos Them Flying Monkeys e dos Drahla. Uma tarde amena e fresca que não chamou muita atenção sobre si mesma, trouxe uma casa composta a assistir a estes dois concertos. Pelas 19 horas já os portugueses Them Flying Monkeys se posicionavam em palco para um animadíssimo e arrojado set como já vem sendo hábito e prontos para encher a sala de distorção e distopia. Há cerca de dois meses lançaram “Pretty Sticks” o primeiro avanço do sucessor de “Under The Weather”. 

Cerca de 45 minutos acelerados e suados, cheios de garra entrincheirados entre o rock alternativo e as novas correntes do psicadelismo que proliferaram nas ultimas duas décadas, os sintrenses mais que cumpriram a sua quota parte da tarde de domingo.

Apesar de se notar o interesse que a sua energia desperta junto do público, o público parecia disperso na gestão do tempo e do espaço e navegou entre o terraço e sala a  maior parte do tempo. Não por falta de interesse nem nada que se pareça, aparentemente, o facto de ainda existir luz solar parecia ser factor de distração.

© Nuno Bernardo

O final energético e explosivo dos Them Flying Monkeys deu lugar a um vazio grande e demorado em termos de ambiente. A pausa entre concertos prolongou-se talvez para permitir a chegada de mais gente e foi o que aconteceu. O inicio do concerto de Drahla aconteceu já com muito mais pessoas no espaço.

O entusiasmo da banda rapidamente contagiou o público que entretanto havia chegado, sem no entanto se verificarem as explosões mais inusitadas do concerto anterior. As áreas que ambas as bandas navegam apesar de alguns ponto em comum, pela disposição e as temáticas acabam por as tornar completamente distintas no campo das sensações e o concerto de Drahla tornou o ambiente pesado e denso. Pesado em temática e inspiração, mas também monótono pois as músicas escolhidas para o concerto deste dia pareciam de tal forma dentro do mesmo momento de inspiração que quase não se distinguiam e eliminavam qualquer elemento de surpresa, como se ouvida uma, ouvidas todas as outras. A excelente execução da banda não ficou obscurecida por esse facto, simplesmente não a deixou brilhar tanto quanto as músicas presentes em “Angeltape”, editado no passado mês de abril, mereciam. Esperemos voltar a ver os Dralha de uma outra forma a que consigam fazer justiça a Angeltape, ou então, há que admitir, passou-me completamente ao lado.

© Nuno Bernardo