Concertos Reportagens

A dança livre entre a viola caipira e a viola campaniça

Liberdade, algo que tanto nos custou a conquistar e que, ultimamente, anda em risco de nos ser retirado. Ou pelo menos, limitada. No fundo, não estará o excesso de liberdade ligado aos tempos em que vivemos? A liberdade, quando usada de forma errada, pode ser uma arma mortífera. 

Independentemente do mau uso da liberdade, ninguém deveria ser privado da sua, como continuamos a ver e a sentir nos tempos que correm. 

Terra Livre é um grito, é uma forma de celebrar uma das coisas mais valiosas que temos.
É, também, a comunhão entre dois povos, duas tradições e dois corações. A viola caipira entrelaçada com a viola campaniça. Dois mundos, duas culturas que merecem estar juntas e celebradas.

No passado dia 31 de janeiro estivemos presentes na sessão de apresentação deste disco à imprensa, no maravilhoso espaço da Casa do Comum, no Bairro Alto. 

O disco saiu nas plataformas digitais a 1 de Dezembro de 2023 e foi alvo de uma apresentação no Brasil na companhia de Ricardo Vignini, sendo agora a altura de o apresentar a Portugal. 

A ligação entre João e Ricardo surgiu por Ricardo ter curiosidade em perceber como funcionava este tipo de viola no universo português, até um fã lhe ter mostrado O Gajo e então começaram a falar virtualmente, tendo Ricardo participado já no último disco de O Gajo. Continuaram a falar e a trocar ficheiros de música e nasceu este disco.
Um disco que se foca no universo da liberdade na criatividade por ambos tocarem instrumentos tradicionais com traços personalizados. João revelou, ainda, que descobriu que havia um movimento no Brasil defensor da Amazónia denominado de Terra Livre e, ainda, que é um nome que surge para tentar contrariar os tempos de guerra que vivemos.
Foi um disco feito de forma equilibrada pois os dois compuseram as músicas de modo igual. Revelam os artistas. 

O ambiente era tranquilo e à meia luz, com ambos sentados num chaise longue e as suas cases atrás encostadas de modo harmonioso. Despidos de PA e sem necessidade dele, tocaram “Terra Livre”, “Bandidos”, “Albatroz” e “Corrosão” com tempo para explicações e perguntas entre as músicas descrevendo, ainda, que o nome Bandidos vem por serem os dois do mundo do rock e que no passado a sociedade via estas pessoas como marginais e bandidos.  Albatroz como sendo uma ave robusta e rápida para simbolizar a ligação entre os dois continentes e, ainda, Corrosão que veio do passado de Ricardo e que ganhou mais sentido com a descoberta de uma banda de João – Corrosão Caótica. 

Caminharam de mão dada as violas, criando um ritmo bonito e contagiante, deixando no ar a vontade de dissecar esta Terra Livre e gritar com as suas cordas: Que possamos ser todos livres!

Terra Livre passou por:
2 fevereiro – LISBOA – CCB
3 fevereiro – BRAGA – Centro Juventude
4 fevereiro – COIMBRA – Salão Brazil