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Silva, o jeitinho brasileiro no Capitólio

Foi no Capitólio que assistimos ao regresso de Silva ao solo português. Foram 6 espectáculos ao longo de 3 dias, sempre às 21h30 e às 23h30, num movimento nada habitual, mas que revelou criatividade para responder às sucessivas salas esgotadas. Assistimos à sessão das 21h30 da sexta-feira, num concerto que teve tudo: leveza, dança e simplicidade.

Não é usual encontrarmos cadeiras no Capitólio, mas foi o cenário com que deparámos para o segundo dia de espectáculos em nome próprio de Silva. Depois de várias atuações em festivais por Portugal no passado, desde do Vodafone Mexefest, passando pelo Super Bock Super Rock ou ainda o Vodafone Paredes de Coura, a verdade é que a subtileza do cantor nascido na cidade de Vitória já conquistou vários fãs desde lado do Atlântico.

A conta gotas lá o capitólio ficou preenchido, pronto para receber Silva, que surge de forma singela, acompanhado pela sua guitarra e pouco depois por Hugo Coutinho que, na secção rítmica, o acompanha ao longo do concerto.

Logo nas primeiras músicas, como o Let Me Say ou Guerra de Amor, sentimos uma primaverabilidade nas palavras e nos sons. Na sua essência, Silva fala de amor, mas num tom preocupado, sem complicações, de forma natural.

Feliz e ponto ou Duas da Tarde (tema inspirado em Marcos Valle) revelam o porquê de Silva ser um dos nomes sensação – ou melhor, uma das certezas – da Música Popular Brasileira desta última década, ou lado de outros como Cícero, Tim Bernardes, Rubel, e outros tantos que já tivemos o privilégio de assistir em Portugal.

Mas não foi só de música com o doce sotaque brasileiro que se fez esta estreia em nome próprio do brasileiro. Silva fez aquilo que Aretha Franklin ou Amy Winehouse fizeram em muito tempo, cantar uma cover do There is no Greater Love, música composta por Isham Jones e Marty Symes.

De forma ingénua e inocente, somos levados a dançar, a cantar o Milhões de Vozes, tema composto pouco antes do período pré-eleição. Ou a cantar ainda Um Girassol da Cor do Cabelo. Ou ainda o tributo para a Gal Costa, com o seu Flor Do Cerrado.

O concerto ainda teve direito a pequenas histórias sobre a sua vida, sobre o carnaval, mas sempre sem muito para perder tempo, afinal de contas, há espectáculo depois.

A verdade é que o final aproxima-se depressa demais, quando já todos de pé cantamos o A Cor é Rosa. Claro que para o concerto não ficava completo sem o Fica Tudo Bem, galvanizado pelo mediatismo da Anitta mas que releva toda a essência do Silva.

A última música pertence ao Martinho da Vila e que revela aquilo que se quer num concerto com muita cor e vida. Canta Canta Minha Gente fez parte dos últimos acordes do cantor que parece que já tem bem assente uma legião de fãs por Portugal. Cá entre nós, é-lhe algo que fica bem.