Concertos Festivais Reportagens Sound Bay Fest

Sound Bay Fest’18, uma noite de sábado em 7 actos

No último sábado dia 3 de Novembro ao inicio da noite o RCA Club recebeu a segunda edição do Sound Bay Fest que traria até nós um conjunto de sete bandas, portuguesas e estrangeiras, a noite adivinhava-se longa pelo que não era de espantar que às 18:30 o público ainda não ocorresse em grande escala às portas do RCA Club. Após um outro revés que o Sound Bay Fest sentiu em ocasiões anteriores e que os obrigou a alterar os moldes da organização eis que em 2018 se apresentam novamente em Lisboa com uma noite recheada de bandas  num saudável equilíbrio entre oferta nacional e internacional. A moldura humana curiosa e simpática envolveu os Crazy Left Experience deixou-se levar pela sonoridade impregnada dos psicadelismos vários de que se compõe os Crazy Left Experience.

+ fotos na galeria Sound Bay Fest ’18 dia 03 Nov The Crazy Left Experience

Os Parpar foram a segunda banda a actuar. São um duo de saxofone e bateria, coisa pouco comum por estas paragens ainda mais tratando-se de uma noite predominantemente de rock n’roll, ou seja nada aqui parece fazer muito sentido, até a banda começar a tocar. O som acutilante que fazem impede qualquer conversa paralela porque o que fazem  obriga a uma total atenção ao que está a acontecer sob o risco de entrarmos numa espiral sonora completamente esquizofrénica.

+ fotos na galeria Sound Bay Fest ’18 dia 03 Nov Parpar

Depois da actuação explosiva e eminentemente fora de contexto, mas no entanto completamente dentro dele, a acção transfere-se agora para o palco onde os belgas Black Mirrors vão actuar. O quarteto apresenta-se com uma atitude bastante aguerrida, cheios de vontade de acordar um público ainda um pouco entorpecido da estupefacção causada pelos Parpar. A vocalista enche o palco com a sua interpretação onde a voz é elemento essencial e forte mas que é complementada pela maneira como se movimenta em palco e interage com os restantes elementos da banda, fazendo lembrar em muitos aspectos aquela euforia de sentir tão própria das mulheres fortes das sonoridades dos 70’s, mas de uma forma genuína.

+ fotos na galeria Sound Bay Fest ’18 dia 03 Nov The Black Mirrors

A noite continua com os portugueses Her Name was Fire, que são um duo de power rock. Depois do lançamento de Road Antics tem vindo a apresentar-se ao vivo nas mais diversas salas e têm neste momento um set bastante organizado e concebido para nos manter em alta durante os cerca de 45 minutos que tocaram esta noite, no entanto o público parece distraído. Todos os momentos parecem bem pensados e medidos neste rock que nos remete facilmente para outros duos que neste formato foram cruciais. A formula é toda ela bastante equilibrada, neste momento e depois de arriscarem com Road Antics queremos ver os Her Name Was fire arriscar novamente para nos surpreender, e ver mais que um bom concerto equilibrado mas também algo que memorável, até porque eles possuem todos esses ingredientes.

+ fotos na galeria Sound Bay Fest ’18 dia 03 Nov Her Name Was Fire

Os alemães Wucan entram em palco com vontade de surpreender e agitar o público que a esta hora enche já um pouco mais o RCA Club mas mantendo-se ainda muito longe da capacidade do espaço para espanto de muitos. Fran, a endiabrada mulher forte da banda, uma multi instrumentista de pequena estatura e longos cabelos loiros, ora de roda do teremin a evocar sons assombrosos ou a arrancar melodias à flauta ou à guitarra, professa o verdadeiro estado de festa em que todas as bandas se encontram, que a noite vai ser uma autêntica festa, porque esta é a ultima noite em que vão tocar com Black Woods e Vintage Caravan com quem andam na estrada há cerca de três semanas. Com uma atitude bastante desafiadora a beber a sua bebida preferida aparentemente nada consegue parar os Wucan e a sua fúria entre o prog e o folk, com o público a responder à energia da banda com bastante agrado.

+ fotos na galeria Sound Bay Fest ’18 dia 03 Nov Wucan

Sem muito mais que tempo para o público ir até à rua sossegar o desejo por nicotina, entram em palco os Black Wizards. Entramos aqui a toda a velocidade nas mais loucas reminiscências dos anos 70 totalmente personificadas em Joana Brito a quem não lhe falta garra nem fogo para incendiar o palco. Navegando por entre os dois registos da banda, não faltou o fogo a que os Black Wizards nos habituaram, mas pareceram de certa forma mais mornos que o habitual, muito embora Joana Brito tenha conduzido a banda nessa sede de levar o público ao extâse com os riffs sujos e memoráveis da banda.

+ fotos na galeria Sound Bay Fest’18 dia 03 Nov The Black Wizards

A noite iria encerrar com os Vintage Caravan que souberam como ninguém espantar de nós o momento morno e nostálgico após o concerto de Black Wizards. O trio islandês arrancou de dentes cerrados e mostrou bem cedo que o queria mesmo era mostrar como se faz um concerto à grande. A força com que se movem em palco é inspiradora, a forma como desafiam permanentemente o público que rapidamente se deixou levar pela banda que os tinha trazido até ali, e que assim levam a que a sala rapidamente seja tomada  de assalto pela loucura incitada pelos Vintage Caravan. O final apoteótico e talvez expectável, porque as bandas foram circulando pelo meio do público bastante animadas, e aproveitando também os últimos momentos em conjunto, acontece com os Wucan e Black Woods que se juntam aos Vintage Caravan numa jam completamente louca em palco para terminar a noite de forma inesperada e no ponto mais alto.

+ fotos na galeria Sound Bay Fest ’18 dia 03 Nov The Vintage Caravan

O saldo da noite foi positivo para o público, a organização coordenou de forma bastante eficiente todos os momentos de uma noite que decorreu sem atrasos nem confusões, num equilíbrio de luz e obscuridade bem conseguido com as projecções de palco concebidas por duas pessoas que acompanharam todas as actuações com a projecção de efeitos, e acima de tudo um som irrepreensível em todas as actuações. O Sound Bay Fest está de parabéns e esperamos que apesar da afluência não ter correspondido directamente à qualidade das bandas este tenha sido o inicio de um novo e auspicioso caminho para que festival volte em força brevemente.

Promotor – Amazing Events