2017 Backstage Festivais Reportagens SonicBlast Moledo

Elder, de Massachussetts até Moledo foi um longo caminho

A meio do SonicBlast Moledo tivemos a fantástica oportunidade de falar com o Nicholas DiSalvo e o Jack Donovan, respectivamente guitarrista/vocalista e baixista dos norte-americanos Elder que foram cabeças de cartaz da primeira noite do festival.

Há já algum tempo e com alguma expectativa se aguardava a estreia do trio agora quinteto, americano em terra lusas, tendo inclusivamente existido uma data em 2015 que acabou por ser desmarcada por motivos alheios à banda.

No activo desde 2006 e com 4 discos editados, o último Reflections of a Floating World em junho deste ano, foi com o concerto da noite anterior que encerraram a tour, num misto de emoção e realização. Na verdade todo o concerto se assemelhou a uma quebra no ciclo viciante que são os Elder.

Elder

 

Encontrámo-los no espaço que a organização do SonicBlast disponibilizou para press center, descontraídos e a observar com alguma curiosidade os livros que aí se encontravam e tivemos um momento de conversa informal e divertida, sobretudo com a intenção de conhecer melhor as pessoas por detrás da muralha sonora que são os Elder.

Música em DX (MDX) – Como tem estado? A espera por um concerto dos Elder em Portugal foi longa! Como sentiram o concerto de ontem?

Elder – Fantástico. Nós sabemos disso, e também sentimos um pouco essa antecipação. já viajámos por quase toda a Europa e Portugal era um dos poucos países onde ainda não tínhamos tocado. Sentimos essa antecipação por parte do público e divertimo-nos imenso.

MDX – Os Elder andam a tocar e a editar discos desde 2008. Na altura em que começaram alguma vez vos passou pela cabeça que as coisas iriam atingir esta dimensão?

Elder – Nunca!! Acho que nem conseguíamos. Éramos miúdos a tocar na cave das casas dos nossos pais, éramos uns miúdos de secundário normalíssimos. Estávamos naquele ponto das nossas vidas em que tínhamos a vida à nossa frente e toda a gente esperava que fossemos estudar e arranjássemos um emprego….e nessa altura até podes sonhar em tocar e tudo o mais, mas na realidade achávamos que isto era impossível…. É como quando gostas de jogar à bola mas não esperas tornar-te um jogador profissional.

MDX – Neste momento a música é a vossa principal ocupação?

Elder – Sim….sim é! Quer dizer nós não ficamos por aí sem fazer nada em casa à espera quando não estamos em tour. Fazemos bastantes tournées e aí isto torna-se a nossa ocupação principal mas não porque não queremos trabalhar…na verdade acho que todos temos outras ocupações.

MDX – Mas a música também é um trabalho!?

Elder – Sim claro! Só que é um trabalho divertido! Realmente divertido! Nós não andamos em tour doze meses por ano, normalmente andamos em tour cerca de quatro meses…mas ainda assim temos de fazer qualquer coisa durante os restantes oito meses.

MDX – Mas actualmente é a vossa ocupação principal! Que outras ocupações ou trabalhos preenchem o vosso tempo quando não estão em tour?

Elder – Coisas relacionadas com a banda.. Eu trabalho para a nossa editora ( Nicholas ), o Jack faz alguns trabalhos de áudio e é canalizador. O nosso baterista tens uns trabalhos estranhos e é dono de uma loja de bebidas.

MDX – Neste álbum tem dois músicos convidados. Esse crescimento influenciou este trabalho?

Elder – Influenciou. Nós já tínhamos uma certa ideia de trazer outros músicos que pudessem adicionar diferentes texturas ou instrumentos ao álbum, como o Mike, que tocou Pedal Steel Guittar em algumas músicas do disco e ao acrescentarmos alguns instrumentos que nunca se tinham ouvido nas nossas músicas as coisas mudaram um pouco. Um dia gravámos uma jam de cinco horas e pensámos que iríamos aproveitar muito desse material no disco mas no final acabámos por usar muito poucas dessas coisas. Acabámos por ficar com imensa música e ideias…Talvez para usar mais tarde.

Tem sido muito bom termos mais dois músicos connosco. Foi óptimo termos dado este passo em frente e passar de um trio a um quinteto.

Elder

MDX – Como é que se conheceram?

Elder – O Michael Risberg que é quem está a tocar a guitarra e teclas, andou comigo ( Nicholas ) na universidade e tocámos junto numa banda chamada Gold & Silver. Há uns anos atrás gravámos um disco para uma editora francesa…o Michael Samos é gerente da loja de guitarras da nossa cidade natal e eu vou lá todas as semanas. É um tipo super simpático e um dia convidámo-lo para uma jam.

MDX – Um processo natural portanto, certo?

Elder – Sim. E com pessoas que conhecemos e com quem temos laços de amizade e coisas em comum.

MDX – O nome do vosso novo álbum, soa vagamente a uma declaração de intenções ou um conselho, ou quem sabe advertência. É essa a intenção?

Elder – Sim, penso que tem vagamente o seu quê de advertência, mas cada um pode interpretá-lo à sua maneira.

Eu gosto de pensar que as músicas refletem coisas que vivenciei na minha breve vida. Mas especialmente que refletem coisas e eventos desde que a banda começou. E cada música é uma música e fala por si.

MDX – Quem fez a capa do vosso disco?

Elder – O nosso bom amigo Adrian Dexter faz a maioria das nossas ilustrações e t-shirts. Existem outros artistas com quem colaboramos mas é o Adrian que faz quase tudo, principalmente as capas. Crescemos com ele e agora ele vive na Dinamarca onde trabalha em animação, mas todos os anos ele faz uma pausa no trabalho dele e faz parte da tour connosco a fazer projeções durante os nossos concertos. Infelizmente ele não pode vir connosco desta vez. Talvez para a próxima.

MDX – Quais são as bandas que consideram ser os vossos clássicos. Aquelas que fazem parte da vossas escolhas desde sempre ou às quais retornam sempre?

Elder – Vengaboys!! !!! Definitivamente! (Risos) E ora bem clássicos…eu ando a ouvir os mesmo discos desde os 15 anos mas talvez Motorpsyco, Thin Lizzy os Yes….eu oiço tanta musica que torna-se muito difícil escolher…

MDX – E coisas mais recentes ou que vos tenham despertado a atenção recentemente?

Elder – Ah…Não sei! Essa é aquela pergunta mesmo difícil e embaraçosa…

Não ouvimos assim muita coisa recente mas os Weedpecker, uma banda polaca fantástica, ou os Papir, outra banda fantástica, o SonicBlast deveria trazê-los para a próxima edição. Outra banda fantástica são os NeedlePointe, uma cena mais prog rock e um tanto ou quanto obscura.

MDX – Vão ficar para ver alguns concertos?

Elder – Dois terços de nós vão ficar! (Risos)

Elder

MDX – Algum concerto em especial agora durante a tarde no palco junto à piscina?

Elder – Há um palco junto a uma piscina? Vamos ter de ir ver isso melhor!

MDX – Algumas palavras para o público do SonicBlast?

Elder – Sejam excelentes uns para os outros e divirtam-se!!!!!!

Entrevista – Isabel Maria
Fotografia – Daniel Jesus