2017 Backstage Festivais Reportagens Vodafone Paredes de Coura

The Twist Connection, humildade, talento e muito rock’n’roll!

Com cerca de um ano de existência, a união de talentos e garra que se denomina por The Twist Connection já lançou um álbum, deu quase a volta a Portugal inteiro e mostrou que carrega o rock’n’roll nas veias. Este ano fazem parte do cartaz d’O Festival sobe à Vila, em Paredes de Coura e a o Música em DX aproveitou a vinda deles a Lisboa, para mais um grande concerto no Lounge, para saber um pouco mais acerca destes três rapazes (Carlos Mendes – voz e bateria, Sérgio Cardoso- baixo e Samuel Silva – guitarra e vozes).

Música em DX (MDX) – Como é que se juntaram?

Carlos Mendes (Kaló) – Juntámo-nos em Outubro/Novembro de 2015 para começar a ensaiar. Eu e o Samuel, primeiro, e depois apareceu o Tiago que está a tocar agora com os Dr. Frankenstein. Fomos juntando peças e demos o primeiro concerto em Março. Entretanto o Sérgio Cardoso entrou em Outubro e foi a melhor contratação de inverno que poderíamos ter feito para várias épocas, umas 5 ou 6, é uma contratação de luxo! É assim que aqui estamos e que vamos estar.

MDX – Vocês transpiram rock’n’roll. De onde vem? Aplicam-se os “dizeres” de que Coimbra é a cidade do rock?

Sérgio – Da minha parte posso dizer que vem de dentro de mim, se calhar é a área musical em que nos sentimos confortáveis, é a àrea com a qual nos identificamos e daí continuarmos a insistir no rock’n’roll, embora no século XXI as coisas tenham alterado imenso, mas o bicho continua. Julgo que não tem a ver o facto de sermos de Coimbra , se calhar isso é um mito que as pessoas de fora da cidade criaram por haver tantas bandas de Coimbra a fazer rock’n’roll, mas isso tem a ver connosco, não tem a ver com a cidade. Aliás, acho que a cidade está um bocado ao lado deste movimento que se desencadeia desde meados de 80, nunca nos quis apoiar e, por curiosidade, nós levamos o nome da cidade de Coimbra ao mundo inteiro, mas mesmo assim não existem os apoios. Voltando à questão, o rock’n’roll sai de dentro de nós.

Samuel – Só para completar o que o Sérgio estava a dizer, é um mito porque há muitas bandas mas há poucas pessoas, são sempres as mesmas pessoas a fazer rock’n’roll em Coimbra e, para além disso, nem sequer há rock’n’roll criado por pessoas mais novas, os mais novos têm 30 e alguns anos, não há renovação.

Sérgio – É uma comunidade e nós gostamos sempre de criar formações com identidades diferentes, não há competição entre nós.

MDX – E os outros projectos que têm ou tiveram?

Kaló – Eu neste momento não tenho nada.

Samuel – Eu tenho mas está em suspenso, o Diogo, meu companheiro está fora e só temos ensaiado quando vem. Por isso é fácil de conciliar.

MDX – Por isso é que surgiu esta união entre vocês, para não estarem parados…

Samuel – Sim, é um bocadinho por aí, o Kaló estava com vontade de voltar a ser frontman, eu estava naquele preciso momento a viver a suspensão das minhas bandas e juntou-se o útil ao agradável.

MDX – Kaló, como é que consegues cantar tão naturalmente com aquela energia, sem perder um segundo de ritmo na bateria?

Kaló – Fazendo mal as 2 coisas ao mesmo tempo. Não é tão difícil quanto isso e tocar em pé é uma coisa muito mais libertadora do que estar a tocar bateria sentado e a cantar ao mesmo tempo. Além de que eu quanto espectador não ser a coisa que mais goste de ver: um gajo lá atrás a cantar e a tocar bateria. As coisas foram saindo de uma forma natural. Para já ainda é possível fazer, mas vai haver um dia que vai ser um pouco mais complicado e se fosse difícil eu já não o estava a fazer.

MDX – Vocês têm cerca de um ano de existência. É muito raro em Portugal uma banda com tão pouco tempo de existência já estar a ter o reconhecimento que estão a ter…

Kaló – Nós temos tocado. Reconhecimento, sinceramente, não sei. Fazemos por tocar e por nos mostrarmos. Temos que fazer isso, o que uma banda tem que fazer é tocar, levar o disco às pessoas e fazer pela vida.

Samuel – É difícil de responder a isso porque nós queremos sempre mais e sentimos que ainda não aparecemos tanto como gostaríamos. Acho que existe um certo reconhecimento mas se calhar é pela qualidade do percurso deles os dois que têm alguns anos de projectos com visibilidade e coerência. Mas ainda assim, acho que ninguém está satisfeito. Queremos muito mais que isto.

MDX – E o balanço deste 2017 até agora?

Kaló – Acho que é positivo. Ainda não acabou mas acho que está a ser francamente positivo. Erramos às vezes, para o tempo de banda que temos, vamos cometendo um ou outro erro mas é normal. Acho que 2018 vai ser melhor ainda, até porque queremos ter um álbum cá fora no primeiro semestre, algumas músicas estão a ser criadas.. Mas 2017, musicalmente, tem sido mais positivo do que outras situações da vida pessoal, pelo menos falo por mim.

Samuel – Se o Kaló, que é a pessoa mais pessimista que conheço, está a dizer que é positivo, é porque efectivamente está. Mas concordo, as coisas têm acontecido, aos poucos as coisas vão aparecendo, já há pessoas à nossa procura.

MDX – Fariam disto vida, se pudessem?

Samuel – Queremos fazer disto vida!

MDX – Deixavam os vossos empregos?

Samuel – Amanhã!

Sérgio – Se a gente conseguisse subsistir da música era óptimo. Eu ando nisto há 25 anos e ainda não consegui, mas tenho esperanças.

Kaló – Faço deles as minhas palavras.

MDX – O que têm a dizer sobre esta ida ao Vodafone Paredes de Coura?

Kaló – É sempre positivo ir a Paredes de Coura. O Sérgio tocou três vezes no palco principal, eu toquei duas. Tocar na vila é só mais um concerto. Eu acho que é sempre importante, eu gosto sempre de ir a Paredes de Coura, tanto como espectador como enquanto músico. O Samuel é que nunca lá tocou.

Samuel – Independentemente da importância que tem o nome acho que olhamos para cada um dos concertos sempre da mesma forma, tentamos sempre fazer um bom trabalho. É óbvio que é muito especial porque Paredes de Coura tem o nome que tem mas é mais um e para o ano esperamos toca no Palco Principal. A ideia é sempre essa: crescer, fazer mais coisas, chegar mais longe.

Sérgio – E crescer demora tempo! Temos de rodar e é com a rodagem que se ganha aprendizagem destas coisas e é na estrada que vamos conquistando as pessoas e mostrando o nosso trabalho. Hoje em dia se calhar as bandas são um pouco ao contrário porque a maior parte das vezes não há consolidação na estrada e nós fazemos o oposto e, possivelmente, os frutos só serão colhidos daqui a 2 ou 3 anos. Neste sentido, qualquer concerto, incluindo Paredes de Coura, é importante. A rodagem faz com que este trio se conheça muito melhor e com que funcione sempre melhor e que haja vontade de dar continuidade ao projecto. As coisas não se podem fazer de outra maneira.

Certamente que a energia, empatia e talento dos The Twist Connection trouxeram ontem às ruas da vila uma nova energia e cor. Que assim continuem sempre e que, para o ano, possamos vê-los dentro do recinto a apresentar o novo álbum.

O Festival Vodafone Paredes de Coura decorre de 16 a 19 de Agosto, toda a informação de que precisarás de saber está em Reportagens > Festivais > Vodafone Paredes de Coura.

Entrevista – Eliana Berto
Fotografia – Jorge Buco