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A chama viva dos The Temper Trap

Um ano depois da atuação modesta, pois soube a pouco, dos The Temper Trap, no Super Bock Super Rock, os australianos vieram aquecer ainda mais a noite do dia dos namorados, no CCB, perante o Grande Auditório completamente esgotado.

Pontuais, os Cavaliers of Fun foram os primeiros a subir ao palco. Os portugueses que já actuaram em alguns dos grandes festivais cá dentro, tiveram oportunidade de aquecer um público, que embora sentado, já batia o pé ao ritmo de uma electro pop cativante. Ao som do sintetizador e da guitarra, o duo colocou o Grande Auditório em ponto de rebuçado para o concerto grande que estaria quase a começar.

Thicks as Thieves é o pontapé de saída do conjunto que faz lembrar o público das cadeiras. E as cadeiras ficaram frias durante o concerto inteiro, visto que, como Dougy, o frontman da banda afirmou, não sabem tocar para uma sala com pessoas sentadas.

Embora o Thick as Thieves seja o álbum que ainda é apresentado nesta tour, é à boleia do Conditions de 2009 e de The Temper Trap (2012) que a viagem com os australianos é feita. Sem perder tempo, Love Lost é dirigido para o público romântico ali presente, que estava em maioria.

Pouco interativos com público, são uma máquina oleada com uma linha bem definida. Sabem como têm de tocar e o que fazer no momento certo e no lugar certo. Por isso é que a primeira parte do concerto é feita num instante e sem ninguém perceber como é que o tempo passou depressa. Fall Together, Fader ou Burn seguiram-se numa velocidade impressionante, sempre sobre o signo do amor.

Trembling Hands, do álbum homónimo é uma marca da banda e que revela toda a dimensão da voz do Hougy. O australiano transcende-se com uma voz fora do registo mas ao mesmo tempo com tudo sobre controlo, o que impressiona até quem conhece pouco a banda. O mesmo acontece com o tempestivo Rabbit Hole, também do mesmo álbum. Se as letras passam as mensagens de conflito interior, a parte instrumental transmite o mesmo.

So Much Sky, que contou com a ajuda do público, com o “oooooh ehhhh ooooooh” cantado afinadamente, e Ordinary World foram preparação para o Summer’s Almost Gone que transmitiu uma energia explosiva, fora do normal até então. A chama dos The Temper Trap cresceu e continuou até Science of Fear, do primeiro álbum.

O quarteto concentrado no meio do palco encheu as medidas e extravasaram o CCB. Cantado com alma, foi dos pontos altos do concerto. Para a recta final deste primeiro acto, Ressurection, o Alive (apresentado uns pontos abaixo em comparação ao resto do concerto e ao potencial que a música tem) e Drum Song, que é o único instrumental da banda e que é tocado com toda a energia possível e imaginável (a registar o truque que fizeram com a água e com o tambor), foram as músicas que antecederam o encore.

Para o final, Soldier One e What if I’m Wrong antecederam o momento alto da noite do concerto. Não, ainda não é o Sweet Disposition, o grande tema da banda, mas sim o momento para o pedido de casamento do Pedro e da Daniela, que terminou com um sim e euforia geral do público e da banda. Pedido especial concretizado, momento para o casal recém-noivos e todos os restos dançaram o grande êxito da banda, que foi a despedida dos australianos do solo nacional.

Um concerto que não defraudou as expectativas e que provou que o amor está no ar. Nesta noite ao som do sotaque australiano.

Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Ana Pereira
Promotor – Everything Is New