Backstage

Pedro e Os Lobos, entrevista a Pedro Galhoz

Em vésperas de encerramento da tour do álbum “Um Mundo Quase Perfeito”, tentámos saber um pouco mais do guitarrista, compositor e mentor da banda Pedro e os Lobos, o Pedro Galhoz.

No lado certo do rio, Almada foi e continua a ser o seu porto de abrigo. Foi na margem sul do Tejo que há 25 anos Pedro Galhoz decidiu fazer da guitarra o prolongamento do seu corpo. O Rock é para ele um registo visceral, mas o blues encantou-o e roubou-lhe a alma.

Os Lobos do Pedro aumentaram, sendo a matilha agora a bateria, o contrabaixo, a guitarra e as duas vozes. Depois da viagem dos magníficos temas de “Um Mundo Quase Perfeito”, o single “Um Dia Assim” abre-nos o apetite para o segundo álbum de originais, a sair para depois do Verão.

Música em DX (MDX) – O Rock sempre foi o teu registo. Os projectos em que participaste, como os Lovedstone e os Plástica, nos meados dos anos 90 e inícios de 2000, foram nitidamente as sonoridades que marcaram essa época. O que mais te marcou nessa altura?

Pedro Galhoz – O Rock n Roll continua bem vivo em mim, porque o Rock, mais do que um estilo musical é uma forma de estar na vida e quando não tiver “cabedal” para isto, desisto. O que me marcou, sobretudo nos Plastica ( com regresso marcado para 2017), foi a vivência de estrada, o partilhar, o criar música  com os meus colegas de banda e ter a certeza que comecei ali atrás a história da minha vida na música e de repente passaram 25 anos e ainda não cheguei a meio do livro.

MDX – A opção pela guitarra foi consciente, ou seja, tiveste claro desde cedo que seria a “tua cena”?

Pedro Galhoz – Lembro-me ainda miúdo, um amigo meu ter trazido dos EUA um disco do Jimi Hendrix e alguns discos de Blues. Embora na época ter uma guitarra eléctrica tivesse apenas ao alcance de famílias mais abastadas, o bicho ficou e começou a crescer, tornando-se um objectivo a perseguir e um sonho a concretizar. Concretizou-se!

MDX – A guitarra para ti: uma bússola ou um amuleto?

Pedro Galhoz – Admito que a guitarra funciona para mim como uma bússola, sempre me apontou caminhos e sempre me fez regressar aonde pertenço.

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MDX – Do puro rock’n roll, caminhas para um blues mais pop. Como construíste essa mudança, foi espontânea ou foi premeditada?

Pedro Galhoz –  Faço música livre de preconceitos num exercício 100% livre, no dia que for premeditado perco o interesse, ainda continuo a acreditar que música é Arte. O Blues e os ambientes de uma América negra e rural sempre fizeram parte do Universo que admiro, por outro lado, músicos como os Pink Floyd, David Bowie, The Beatles ou os Radiohead são pilares importantes na minha aprendizagem. O crescimento enquanto pessoa e a necessidade de estar constantemente nessa aprendizagem fazem-me experimentar e fundir vários caminhos na música que componho.

MDX – “Um Mundo Quase Perfeito” saiu em 2014. Lembro-me de ouvir e pensar na originalidade, da voz e da forma de cantar, mas acima de tudo no encaixe dos acordes no prolongamento dos agudos da voz. Por outro lado, pensei também no risco que estavas a correr a lançar um disco tão fora de tudo o que se ouvia na época. Como correu esse salto para “fora de pé”?

Pedro Galhoz – Acima de tudo penso que conquistei algum respeito no meio musical (posso estar enganado), não só com o disco, mas também com os concertos que demos. Os comentários que mais retenho por parte do público referem-se exatamente à originalidade da sonoridade do projeto.

MDX – Achas que o blues tem sido bem tratado em Portugal? Quais as tuas referências musicais neste momento?

Pedro Galhoz –  Penso que o Blues tem um novo fôlego, não só em Portugal, mas em toda a Europa, é um estilo musical de certa forma económico que se dá bem com a crise porque sempre viveu em crise. Neste momento oiço coisas muito dispares, tanto posso ouvir alguma música clássica, como posso escutar os North Mississipi Allstars, os Black Pistol Fire, os Calexico ou Annio Morricone, Bat for Lashes ou Tom Waits e Bob Dylan.

MDX – “Um Dia Assim”, o teu novo single, com a voz de Jorge Benvinda dos Virgem Suta e também com mais músicos. Como surgiu esta colaboração com os Virgem Suta? E que músicos tens agora a tocar contigo?

Pedro Galhoz –  Sempre admirei a sonoridade despreocupada e genuína dos Virgem Suta e vejo no Jorge Benvinda e no Nuno Figueiredo uns enormes compositores de canções. Trabalhar com eles é uma honra. Atualmente a minha banda é composta pela Marisa Anunciação na Voz, Nelson Correia ( uma novidade que vem do projeto Algodão ) Voz , João Novais no Contrabaixo e o Guilherme Pimenta na Bateria, no entanto com os trabalhos do novo disco, conto alargar o leque de colaboradores.

MDX – O que te inspira hoje para compores, e o que te inspirava há 20 anos atrás?

Pedro Galhoz – O que me inspira hoje são os sentimentos, as histórias que vivi ou que observei, a minha relação com a velocidade a que o tempo passa, o caminhar do mundo para o seu fim e as personagens que vou criando para darem forma aos poemas que escrevo, como no caso da letra do novo single “ Um dia assim “. O que me inspirava há 20 anos era o sonho do Rock n Roll.

MDX – O que podemos esperar do concerto de 6ª feira, no Fórum Romeu Correia em Almada?

Pedro Galhoz – Sexta feira em Almada será um concerto em que terminamos a tour do ultimo disco “ Um mundo quase perfeito “e em que abrimos a porta do disco em que estou a trabalhar.

MDX – E …. para quando o novo álbum?

Pedro Galhoz – O novo disco deverá chegar com o Outono, em finais de Outubro ou inicio de Novembro, acho que se ajusta bem ao feeling do disco.

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Entrevista – Carla Sancho
Fotografia – Pedro e Os Lobos