Backstage

Dan Riverman, Brisas apaixonantes do norte

Dan Alves é um cantautor que responde pelo nome artístico de Dan Riverman. A sua poética e voz são capazes de arrepiar e nos guiar por sensações maravilhosas que, por vezes, encontramos adormecidas. Lançou em Julho de 2015 o EP Hers e vai estar por Lisboa na próxima sexta-feira, dia 20 de Maio. Aproveitámos o lançamento do seu novo vídeo clip “Sea And The Breeze” no passado dia 29 de Abril e estivemos à conversa com este rapaz do norte que tão bem encanta almas.

Música em DX (MDX) – Porquê Riverman?

Dan – Podia inventar aqui uma história muito bonita para contar acerca disso… porque vivo perto do rio e tal. Mas isto foi um bocado influenciado por uma noite de poker: eu estava sempre a ganhar os rivers e então começaram a dizer que eu era o riverman e eu guardei aquilo. Depois toda a gente me chama Dan desde a primeira classe por ser Daniel, então depois liguei os dois nomes. Podia estar aqui a embelezar mas ia mentir, foi mesmo por causa de uma noite de copos e poker.

MDX – Descreves a tua música como “profunda, madura e envolvente” é isso que sentes acerca dela?

Dan – Eu acho que é uma boa definição. Tem envolvência. Nós temos sempre intenção de criar ambientes envolventes em todas as músicas, o piano está sempre presente, é envolvente e usa-se cada vez menos. É tudo muito orgânico, não temos nada electrónico, são sempre músicos a tocar instrumentos reais o que também dá alguma profundidade e maturidade ao som. A nossa música não é direcionada a um público juvenil, não propositado porque eu gostava que a malta mais jovem gostasse também da nossa música mas penso que eles estão mais direccionados para o som criado com coisas mais electrónicas e sintetizadores. Se calhar somos nós que somos antiquados, mas eu prefiro assim e vou sempre preferir. É sempre complicado definir a tua música mas acho que foi uma forma simples e eficaz de definir a nossa música.

MDX – Pretendes tocar na alma das pessoas quando cantas?

Dan – Quando faço as músicas faço com a alma e sai tudo de dentro de mim. Eu gosto que as pessoas se identifiquem, é sempre essa a intenção de quem faz alguma coisa. Não têm obrigatoriamente que se identificar da mesma forma com aquilo que eu estava a sentir no momento em que criei a música, por exemplo, mas que se identifiquem de alguma maneira. Se conseguir tocar na alma das pessoas ou se as pessoas se sentirem sensibilizadas pela música, para mim é ainda melhor, objectivo cumprido.

MDX – Em relação às músicas que aparecem e apareceram nas novelas, qual é o teu sentimento quando vês uma música tua a fazer parte duma banda sonora das novelas portuguesas?

Dan – Inicialmente fui começando a fazer versões para as novelas, fizemos 5 versões para novelas e só na 6ª é que foi um original, que foi o primeiro single do nosso EP “Fragile Hands”. Mesmo com as versões nós sentíamos um orgulho enorme porque conseguíamos sempre criar o nosso som, moldar a música ao nosso género. A primeira foi uma de Stevie Wonder e depois outra da Lara Li, essas duas saíram ao mesmo tempo numa novela e foi uma coisa incrível, nós ficámos completamente orgulhosos e contentes e estávamos ali colados no primeiro episódio, foi fantástico. Quando foi o original ainda foi muito melhor e é uma maneira de tu entrares na casa das pessoas sem saberes. Entras em casa de toda a gente em Portugal e para nós é espectacular! Gostamos muito de fazer isto e queremos continuar agora com originais, se for possível. Eu acho que é bom termos a nossa música a ser escutada por toda a gente, mesmo que não estejam a ligar ao que está a dar na televisão, o que é certo é que a nossa música está  na casa das pessoas e está a ser reproduzida todos os dias e chega a muita gente e isso é óptimo. É sempre bom a tua música ser divulgada.

MDX – Relativamente ao novo EP, queres falar-me um pouco sobre o processo de produção, elaboração, da experiência?

Dan – Foi um processo um bocado longo a tentar encontrar o produtor certo e o som ideal para aquilo nós queríamos. Inicialmente começámos com o Saul Davis, o guitarrista dos James e um dos fundadores da banda e foi espectacular! Fomos para Londres gravar, aprendemos muito, ele tratou-nos como irmãos lá em casa dele, foi uma experiência incrível, absorvemos muita informação mas não ficou fechado. Voltámos para Portugal e eu entrei em contacto com o Davey Ray Moore que é um dos mentores dos CousteauX, que é uma das minhas bandas preferidas e ele veio trabalhar connosco em estúdio, na produção. Foi quase como uma parceria entre Saul Davis, Ray Moore e o Pedro Rangel que é o produtor dos estúdios Rangel, onde nós gravámos o EP, e foi assim que conseguimos encontrar a sonoridade que nós queríamos. Decidimos então lançar o EP, tínhamos algumas faixas importantes do ano passado e decidimos não esperar pelo álbum.

MDX – Então é como se este EP fosse um aperitivo para o álbum?

Dan – Sim. Nós decidimos lançar o EP porque aquelas músicas já estavam prontas. A ideia é não aproveitar os temas do EP. Queremos fazer um álbum com 10 novos temas.

MDX – Como correram os concertos em Lisboa em Março?

Dan – Nós tivemos um interregno de idas a Lisboa, a última vez que tínhamos ido foi em 2013. Deixámos de ir com a gravação do álbum e agora voltámos e tentámos juntar o máximo de datas e entrevistas possíveis em Lisboa. Correu muito bem, a malta divertiu-se toda! É sempre espectacular andarmos na estrada. Ficámos todos satisfeitos e super contentes. Já conseguimos arrastar pessoal em Lisboa, já temos alguns seguidores. Para todos os efeitos estamos a começar, só lançámos o EP em Julho do ano passado e ainda nem passou um ano e, termos pessoas que vão lá de propósito só para nos ver, é muito bom.

MDX – O que é que preferes, salas pequenas ou maiores?

Dan – Nós gostamos de tocar em todo o tipo de salas e até mesmo em palcos exteriores e maiores. Tanto me posso apresentar a solo, só com a guitarra como em quinteto, já com mais power. Com a inclusão do Bruno Macedo, guitarrista dos Blind Zero, o som tem ainda mais força e ai já ficamos muito bem em palcos maiores e até exteriores. Não tenho uma preferência, todas as vertentes para nós são boas. Claro que a ligação e contacto com público não se consegue em espaços maiores e eu gosto da ligação com o público. É diferente quando o formato é mais pequeno, neste aspecto gosto mais deste formato mas também gosto muito de irmos todos juntos tocar num palco grande cá fora, cheio de gente.

MDX – Têm alguma surpresa para este ano?

Dan – Para além das datas por Portugal, temos o álbum que vai sair no último trimestre do ano.

Dan Riverman em formato banda vai tocar no próximo dia 20 de Maio pelas 22h30 no Popular Alvalade, em Lisboa. O Música em DX aconselha os seus leitores a perderem-se nesta viagem envolvente.

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+info em http://www.danriverman.com/https://www.facebook.com/danriverman/

Entrevista – Eliana Berto
Fotografia (Capa) – André Varela
Fotografia (Cartaz) – Alberto Almeida