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Mão Morta & Remix Ensemble, a simbiose que urge em ir para estúdio

Com o início da semana, na segunda-feira para ser preciso, desceu do Norte à capital uma banda que perdura na história nacional, refiro-me aos Mão Morta. A banda bracarense de Adolfo Luxúria Canibal teve no entanto mais que um mero concerto. Houve uma inovação, uma simbiose, um acontecimento que encheu o Theatro Circo e que encheu Coimbra, mas ao chegar mais a Sul do país falhou encher a Aula Magna.

Acompanhados pelos Remix Ensemble, graças a uma adaptação por parte de Telmo Marques, o palco foi quase totalmente partilhado, não fosse a divisória em palco que colocou cada músico no seu respectivo lado. Guiados pelo Maestro Pedro Neves, foi a orquestra que teve a honra de fazer a abertura do espectáculo e mantiveram o destaque próprio durante os temas seguintes, Humano e Facas em Sangue. Mas tal protagonismo jamais seria duradouro, as bandas completaram-se entre si, sem dúvida, houve pianos e crescendos nos momentos certos, tal como solos de violionos, mas o poeta, o extravagante, o senhor Adolfo estava em palco! Foi com Pássaros a Esvoaçar que a sua presença em palco foi inequivocamente assinalada, e foi com Estilo que se embrenhou com o público das primeiras filas, um momento capturado por inúmeros telemóveis instantaneamente.

E o ritmo não abrandava! O alinhamento dessa noite foi algo especial, Penso que Penso seguida de Hipótese de Suicídio, seguida de Vamos Fugir entorpeceu o estado de espírito de todos os presentes, ainda mais com a actuação esquizofrénica de Adolfo Luxúria Canibal. O desespero e a loucura foi algo promovido sem qualquer subtileza, quem estava na sala afinal de contas sabia ao que vinha. Não demorou demasiado até que o hino do 1° de Novembro ecoasse por toda a sala, quer vindo dos músicos ou do público, caso para se ter ouvido “não somos muitos mas somos muito bons”. A intenção foi certamente ter este tema tão icónico a encerrar a noite, só que o público sem arredar pé e sem admitir qualquer cansaço, aplaudiu de pé incessantemente. O encore chegou a parecer impossível mas aconteceu! Não tendo mais nada preparado que remédia havia senão uma pequena repetição. Uma vez mais entoou por toda a sala o hino do 1° de Novembro, desta vez sim para encerrar a noite. A vénia colectiva foi fortemente aplaudida e as pessoas saíram, à espera de um dia encontraram a sonoridade dessa noite em CD.

 

Texto – Samuel Pereira
Fotografia – Ana Pereira