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Old Jerusalem, rosas e amigos numa noite na ZDB

Na Galeria Zé dos Bois a sala escura que é o Aquário recebeu velhos amigos, era Sábado à noite e os Old Jerusalem regressaram a um palco que lhes é tão acarinhado. Após cinco anos sem novidades discográficas chega por fim “A Rose is a Rose is a Rose”, após a primeira parte com Manuel Dordio, seria esse o ponto alto da noite.

Com a chegada da hora do concerto, as poucas cadeiras dispostas frente ao palco rapidamente foram ocupadas, e muitas mais pessoas ficaram de pé pela sala, esperando pelo espectáculo prometido. Para qualquer distraído presente a chegada de Manuel Dordio foi algo impossível de ignorar, com a sua guitarra elétrica e os pedais, a distorção produzida foi imensa. Com o tempo acalmou-se, serenou o público. Sem nunca deixar de olhar para a sua guitarra, exibiu a sua perícia, ao dedilhar a sua guitarra evocou paisagens, como pequenas ondas num lago.

Foi às 23:20 que todos os cinco elementos dos Old Jerusalem subiram ao palco a som de aplausos, começaram sem quaisquer demoras com Florentine Course. Foi-nos explicado como era uma noite para ser celebrada, além de ser um retorno à Galeria Zé dos Bois, foi também um retorno com inúmeros amigos da banda presentes. Por isso além da melancolia que os temas do novo disco traziam para o ambiente, também havia a felicidade entre os elementos da banda. Estes, que sem trocarem muitos olhares entre si, não deixavam de estar em sintonia e a música embalava os próprios músicos. No repertório não podia faltar a One For Dusty Light e uma das manias de Francisco Silva, interpretou com a banda um tema de outro artista, nomeadamente The Jean Genie de David Bowie. Entre temas não faltou boa disposição, piadas eram contadas, detalhes das músicas partilhados, os instrumentos afinavam-se e recordava-se o começo da banda. A certa altura só Francisco Silva ficou em palco, com a sua guitarra teve uma performance incrível do tema Too Pure dos Sebadoh, e ainda disponibilizou-se para tocar quaisquer sugestões dos presentes. A banda ainda voltou toda uma vez mais para o palco com Arduinna and The Science Boy e Stroll, mas ficou a cargo de Francisco Silva acabar o concerto sozinho em palco. Com certeza que toda a audiência ficou feliz com o trabalho apresentado, “A Rose is a Rose is a Rose” é um disco que compensa os cinco anos de pausa.

Texto – Samuel Pereira
Fotografia – Nuno Cruz