Backstage

PISTA, E um pouco de rock de bicicletas?

Pois, é o que pode escutar a partir da próxima sexta-feira, dia 13 de novembro com o lançamento do “Bamboleio” dos Pista. Com Puxa e Sal Mão a ecoar nas ondas de éter país fora e com um concerto de lançamento no Musicbox, em Lisboa e outro no Maus Hábitos, no Porto, no próximo fim-de-semana, o conjunto da Margem Sul promete alegrar ainda mais o panorama musical.

Sábado, dia 7 de novembro. Calor. Dizem que é do verão de S. Martinho. E este humilde escriba a subir a Costa do Castelo. Este relato parece digno de um epílogo da Volta a Portugal, mas não é o caso. Foi no Teatro Taborda/Teatro da Garagem que combinámos entrevistar os Pista. Aqui fica o resultado.

 Música em DX (MDX) – Pista de vestígio, de corrida? Como surgiu o nome?

Cláudio Fernandes: É uma pista numa pista. Não. O nome surge de várias pistas. Das bicicletas, a pista de corrida. Modalidade de ciclismo mas também da pista de dança. É um mix, uma coincidência feliz.

Bruno Afonso: É um nome directo. Pista.

MDX – É um nome bom e ficou.

Cláudio: Sim, tem essa ambiguidade de significados, nós estávamos assim mais ligados às bicicletas e ocorreu uma coisa de rock de bicicletas. Muito nos primórdios e ficou isto.

MDX – Vocês há um ano estavam a concorrer para o Band Scouting do Mexefest, que ganharam.

Cláudio: Fomos finalistas, mas ya.

MDX – Como foi participar e tocar ali na Avenida. O quão importante foi e qual o feedback que têm passado este tempo todo?

Cláudio: Só quando tocámos na Avenida é que tivemos real noção do que fizemos. Porque, pronto, nós lançámos o single Puxa e pronto. Tentámos assim o apoio da Vodafone para a promoção do concerto de lançamento do single, etc. E na altura estava a decorrer o concurso e não pensámos logo em concorrer. Mas depois, porque não?

Bruno: Foi uma ideia para o ar e ficámos a pensar bora lá.

Cláudio: E depois tínhamos o EP e pensávamos que nem podíamos concorrer mas depois perceber que sim e só precisávamos de filmar um tema no ensaio. Foi “bora!” E tocámos. E também porque na altura tínhamos em mente gravar um disco e o prémio era gravar um disco com a Pontiac e pensámos: “não temos nada a perder, vamos concorrer.” E só mais tarde, e embora não tivéssemos ganho é que nos apercebemos que realmente para fora, foi algo sonante. Quer dizer, houve muita gente a falar “banda finalista do Vodafone Band Scouting…” e aí, olha afinal…

MDX – Foram mais falados…

Cláudio: Sim porque a actuação em si no contentor, no estúdio móvel durante o festival foi uma coisa muito precária e rápida.

MDX – Sim, este ano mudaram. Vão fazer dentro do Tivoli, aberto ao público.

Ernesto: Pois, ali era fechado, e limitado.

Cláudio: Até em termos acústicos era limitado.

MDX – Lembro-me de correr imenso para vos ver no Alive. Também correu muito bem.

Cláudio: Sim, sim… Embora fosse ali perto dos brindes todos, naquele cantinho. Mas correu muito bem. Teve lá muita gente que não conhecia e espantou-me.

MDX – Também o coreto ganhou mais dimensão nesta edição. Cave Story também foi no mesmo dia…

Cláudio: Sim, Cave Story, Tracy Vandell e um americano que não me lembro do nome. Também nos outros dias foram os Basset Hounds, Tape Junk…

Bruno: O tipo dos Xutos também passou lá som…

Cláudio: Sim, o Zé Pedro.

MDX – Numa entrevista que deram em dezembro do ano passado, queriam fazer primeiro o álbum e depois, vamos dizer assim, a digressão. Se calhar acabou por acontecer o oposto…

Sim, [Risos]. Sim, fizemos a digressão antes do disco sair. Nós, quer dizer, gravámos o disco em fevereiro. Tínhamos o disco, andávamos a tratar da questão da edição e tínhamos também o single, que usámos como cartão de visita. O que nao quer dizer que vá haver uma espécie de digressão agora também este ano, relativamente ao disco. Vai haver! Vai haver, mas o que é uma digressão? Mas vamos dizer assim.

MDX – É um pouco à semelhança do que fez o Benjamim, que fez aquela volta inteira em Agosto e depois é que lançou o disco. E foi uma pessoa com quem vocês trabalharam. Como foi trabalhar com ele e toda a experiência no Alentejo?

Cláudio: Foi a melhor opção possível no que toca à gravação deste disco. Por vários motivos. Primeiro para satisfazer a vontade de querer gravar um disco assim para fora. Depois… é uma daquelas coisas que não pensamos activamente. Temos que trabalhar com o Benjamim. Neste caso o Luís. Mas foi um acaso feliz. Lembrámo-nos: O Luís tem um estúdio em Alvito, a zona é muito fixe, não sei quantos… Nem sabíamos o que é que ele andava a fazer na altura. Soubemos no local, mostrou-nos o que andava a gravar, o trabalho do Banjamim e foi óptimo porque é um tipo com uma sensibilidade musical muito apurada. E não é um produtor – vou tratar-lhe por produtor aqui, é melhor – que grave ou assim alguém com uma atitude muito vincada. Há alguns que só gravam rock ou metal…

Bruno: Ele é muito versátil…

MDX – Pois, ele até diz que o álbum é algo esquizofrénico…

Cláudio: Sim, e acabou por ser assim um compromisso ideal para a nossa música. Porque ele ouviu, percebeu e tentou captar aquilo que era o que nós soávamos na altura e soamos agora e ajudou-nos imenso no projecto. Tanto na gravação instrumental, e nos arranjos.

Ernesto: E principalmente nas vozes. Até porque na altura ele estava a tratar das vozes para o disco dele. E coincidiu fantasticamente.

MDX – E vocês têm outros nomes para o concerto. Como é colaborar com tanta gente?

Não colaborámos com eles para o disco mas apenas e exclusivamente para o concerto de lançamento, excepto o Luís que colaborou com vozes e teclas. Mas basicamente é como estivéssemos participado com eles. Porque algumas coisas, não são propriamente… são convidados porque são nossos amigos, gostamos imenso deles, do trabalho deles… Mas foram escolhidos porque este ou aquele eram ideais para tocar este ou aquele tema. Não porque criámos temas a pensar neles mas se calhar até pensámos sem saber.

MDX – E o que é que deu mais gozo a gravar este álbum?

Ernesto: As vozes, talvez. Não diria dar gozo, mas foi uma coisa nova, que nos fez crescer.

MDX – Até porque não foi uma primeira aposta.

Ernesto: De todo.

Cláudio: Não foi apenas porque quando escolhemos um conjunto de temas para o primeiro disco surgiram duas ideias. Era gravar baixo em todas as músicas, mas cortámos à partida. Gravámos o baixo só na última, na Queraute. E depois as vozes… também já andávamos a pensar meter  vozes nos temas que já tínhamos. Mas já tínhamos temas em que as guitarras já eram tão vocais que não encontramos ali uma melodia vocal que justificasse mudar a canção para que recebesse voz. Assumimos aquelas que funcionam instrumentalmente. Mas com o processo de gravação das vozes que foi mais uma descoberta. Nós levámos umas linhas de vozes, uns esboços e com a gravação começámos a perceber: “Wow, que fixe!” As vozes podem soar mesmo bem e o Luís teve um papel preponderante. E a partir daí apareceu uma coisa engraçada. Depois de gravar o disco, começar a executar os temas à disco, no que toca às vozes. Havia segundas vozes que não fazíamos e tentámos transpor para um universo Live e também começámos a pensar nas vozes para outros temas que temos andado a compor para uma próxima, um próximo disco que irá surgir eventualmente.

MDX – O que recomendariam vestir para o próximo concerto? No que toca à indumentária, camisas tropicais ou fato de treino?

Bruno: Calça fato de treino com camisa tropical…

Cláudio: Olha que o fato de treino para gastar ali umas energias e suar… Mesmo com o fim-de-semana à porta…

MDX – Ou calça de licra.

Sim, é livre. Roupa confortável. E com pinta.

Bruno: Tragam cores.

Cláudio: A cena do tropical e das camisas tropicais, e contra mim falo, é o que é, e é um caminho fácil e no último vídeo pedimos que as pessoas trouxessem cores lisas, para que a mancha formasse essa diversidade de cores.

Bruno: Trazer diversidade. Não é só identificar o tropicalismo, mas é para toda gente.

Ernesto: O tropicalismo está presente de várias formas e às vezes nem se vê.

Cláudio: Mas se poderem trazer camisas tropicais giras e a fim de negociar, eu tou nessa!

 

O primeiro álbum dos PISTA – “Bamboleio” – é lançado dia 13 de Novembro, no Musicbox, a partir das 23h00. Juntam-se a Bruno Afonso, Claudio Fernandes e Ernesto Vitali, alguns convidados como Alex D’Alva Teixeira, Benjamim, Bro-X, Fast Eddie Nelson, Nick Suave, Óscar Silva (Jibóia), Ricardo Martins ou The Dirty Coal Train, para uma noite ainda mais especial.

Mais informação em https://www.facebook.com/events/914769665274908/

Entrevista por – Carlos Sousa Vieira
Fotografia (Capa) – Vera Marmelo