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António Francisco Melão, o Cameraman Metálico

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No final da palestra no Talkfest’15, o fotógrafo teve à conversa com o Música em DX, em que confidenciou o seu ponto de vista sobre a presença das marcas nos festivais de verão e a diferença da profissão de fotógrafo de há 20/30 anos a esta parte.

 

 

Música em DX (MDX) – Acha que a presença activa das marcas nos festivais estragou a verdadeira essência dos festivais de verão, em comparação há, por exemplo, 20 anos?

Cameraman Metálico (CM) – Não, o facto de um festival ter uma marca por detrás ajuda que o festival tenha continuidade no futuro. É um apoio, uma coisa que os festivais antigamente não tinham. Como o Woodstock por exemplo, que não tinha nenhuma marca. A mim, não fico chateado que o Super Bock tenha um festival, de a NOS ter um festival. A única chatice é deles controlarem a música que passam. Será esse o único problema que vejo.

MDX – Portanto, é uma maneira de sobrevivência dos festivais?

CM – O Sudoeste, por exemplo, já teve n marcas por trás. A Sagres, a Optimus, agora tem o MEO. É uma maneira de dar continuidade.

MDX – Agora uma pergunta mais relacionada com a fotografia. Se antes havia a experiência mais analógica de tirar fotografias, agora com o digital perdeu-se o gosto de tirar fotografia?

CM – Não perde. Torna-se mais fácil até. É mais fácil fotografar, mais barato fotografar. E tens logo no momento. Se levas o computador, tens as coisas logo no momento. As redes sociais vieram melhorar. Isto agora está muito mais abrangente, mais do que antigamente.

MDX – Mas depois temos muita gente a fazer a mesma coisa. Com blogues, etc…

CM – Sim, mas cada pessoa tem a sua maneira de ver a coisa. Posso dizer, por exemplo, quando comecei a fotografar eu ia a um concerto e no dia a seguir comprava o jornal. Via as fotos e normalmente não me agradavam. E disse para mim: “Se levar a máquina fotográfica, consigo fazer melhor”. E foi assim que comecei. Depois tive a fanzine, que é praticamente a mesma coisa que as pessoas que têm um blog. O que nos leva a ir a um festival é a música. E a fotografia é um extra. Mas quando alguém gosta das duas coisas, então estamos na mesma equipa.

Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia (Entrevista) – Rita Justino
Fotografia (Capa) – António Francisco Melão “Cameraman Metálico”
Evento – Talkfest’15