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Parkway Drive, o suor do caos!

Às 19h da última sexta feira de Abril uma multidão considerável açambarcava o passeio na Avenida Infante D. Henrique, maioritariamente uma faixa etária abaixo dos 25 anos.

Aguardava-se o regresso a um palco português dos australianos Parkway Drive, estandartes de um metal core bastante pujante.

Desde que havia sido anunciado que a Unbreakble European Tour passaria por Lisboa que o burburinho nas redes sociais e em algumas páginas mais ligadas ao género tinha vindo sempre a crescer e a expectativa confirmava-se agora, pois à hora da abertura de portas a fila dava a volta à esquina da Avenida Infante D. Henrique.

Apesar de se saber que a noite ia começar cedo e que seria longa, o público estava ali para ver os três concertos, isso era bastante claro, pois a plateia encontrava-se já bastante composta antes do primeiro concerto começar e mal que as luzes se apagaram notou-se claramente a movimentação rápida dos que ainda estavam dispersos para junto do palco.

A abrir as hostilidades, hostilidades aqui é mesmo a palavra a usar, estiveram os portugueses Reality Slap, reincidentes neste encontro feliz pois já em 2010 haviam sido eles a iniciar a noite de Parkway Drive no Santiago Alquimista. O público que já havia chamado pelos australianos, correspondeu bastante bem ao hardcore dos Reality Slap e logo aos primeiros acordes de Beyond, a parte central da plateia girava já num mosh pit que se iria manter praticamente ininterrupto durante os três concertos. Os cerca de 40 minutos de concerto foram repletos de energia e de entusiasmo energia essa reclamada pelos Reality Slap para mostrar aos australianos Parkway Drive de que massa somos feitos.

Um concerto enérgico e duro com Enter the Devil, Blaze, Madness e o público a crescer em número à medida que o concerto avançava, mas ainda com muita gente a chegar ao recinto, Haymaker, Limitless, Liberate e Crowds . O apelo da banda para um maior apoio à música nacional, para uma maior comparencia do público nos concertos, “Quantos de vocês aqui tem bandas? Sabem bem como é!”. Com o público a alinhar no crowdsurfing desde o inicio ao fim, os Reality Slap fecham o concerto com . Silence Lone, Wolf e The End.

Coube aos Hills Have Eyes, banda oriunda de Setúbal, cujo primeiro EP remonta a 2004 a continuação do aquecimento para Parkway Drive.

Mas a verdade é que nem os Reality Slap nem os Hills Have Eyes se comportaram como bandas de primeira parte, nem tão pouco o público os tratou como tal, e de ambos os lados se deu tudo. A entrada de Hills Have Eyes foi um pouco mais dramática, e foi o público que puxou pela banda nas primeiras duas músicas, Hold Your Breath e Antebellum, até que se anuncia Strangers e aí ambos entraram no mesmo compasso. Awnsers in Blood e All at Once com a banda desfeita em agradecimentos ao público para logo a seguir finalizar em grande com Oathkeeper e The Bringer of Rain.

A pausa que precedeu Parkway Drive demorou cerca de 25 minutos, e o público precisava dessa pausa. Água, Wc’s …Oxigénio, atar mais uma vez os ténis. Depois de dois concertos intensos era necessário ganhar ali um pouco de tempo para poder estar apto para os australianos.

O recinto encontrava-se praticamente cheio, quando às 22h20 as luzes se apagaram por completo para a introdução dos Parkway Drive, que logo de seguida tocam Wild Eyes e Carrion Toda a gente exulta, grita, salta, chama pelos Parkway Drive. De salientar que apesar da faixa etária ter subido um pouco, a força e a energia não diminuiram, nem no palco nem na plateia, antes pelo contrário. Só depois desta saudação é que Winston McCall se dirige à plateia: “It’s nice to be back!” e é imediatamente abafado pelo urro de felicidade da multidão que grita pela banda; “I need your energy, show me some!”, clamando o apoio e a força de todos para receber as músicas de Ire, álbum de 2015, Dedicated e Vice Grip, mantendo sempre o tom positivo de desafio à multidão.

Toda a sala se agita, mesmo no meio do mosh pit há fãs a filmar. Outros há com cameras go-pro a fazerem todo o circuito do mosh pit – fosso – seguranças – sair – atar os ténis – mosh pit, quase sem respirar. O número de corpos suados sobe exponencialmente em poucos minutos, assim como o número de gente a sair do fosso.

O regresso a temas mais conhecidos do público faz subir ainda mais a temperatura e dir-se-ia que já pinga do tecto, mas os Parkway Drive não mostram qualquer vontade de refrear os ânimos, muito pelo contrário e avançam de imediato até a alguns temas mais antigos como Dark Days, Boneyards, Karma e Sleepwalker com o seu fantástico groove a deixar a plateia em extase e a banda rendida a esta gente do outro lado do seu mundo que tão bem os compreende.

Já se sentia o fim a aproximar, mas Winston Mccall e os restantes ainda não estavam satisfeitos e mais uma vez reclamam o seu quinhão desta magnifica energia para poderem dar lhes mais. Writtings on the Wall e Swing, para logo de seguida anunciarem o final que seria com Destroyer. Ao manterem sempre a fasquia muito elevada não esgotaram no entanto a energia da plateia que gritou por eles até os ter de volta. Voltaram para mais duas músicas Crushed e Bottom Fedder num encore que não deixou pedra sobre pedra, em que o público cantou em uníssono com a banda e que abanou as estruturas de todo o recinto, mais que uma vez.

Não há como explicar realmente o comportamento de um grupo de pessoas em total comunhão com uma banda. Neste caso especificamente, o que se vê é que o público retribui a mesmissima energia que a banda lhe transmite fazendo de todo a noite uma ininterrupta festa.

Assim por volta das 23H35 de sexta, uma amálgama de corpos suados e felizes saía do recinto em direcção a mais um fim de semana, com um extraordinário sentimento de dever e sentir cumprido.

Texto – Isabel Maria
Fotografia – Daniel Jesus
Promotor – Prime Artists