Backstage

Eu galgo, nós galgamos e eles galgam, versão 2018

Mesmo título, mesma banda, mesmo jornalista, mesmo local. Mas três anos depois. A vida deu voltas a todos, aos Galgo deu mais dois álbuns e um EP, sendo que o Quebra Nuvens está a sair ao mundo. E foi esse o motivo pelo qual nos reunimos todos no Grande Anfiteatro dos jardins da Gulbenkian. Com novos penteados, mais ou menos sabedoria, sentámos-nos todos no palco, tal como em 2015.

Música em DX (MDX) – Nem acredito que já se passaram três anos. O que é que vos aconteceu desde então?

Miguel – Gostamos mais uns dos outros!
Alexandre – YEY! [risos]
Joana – Não sei se isso é verdade.
Miguel – Os penteados do Alex. Isso é o que mudou mais vezes. [risos]
João – A entrevista foi antes ou depois do Pensar Faz Emagrecer?

MDX – Foi antes do vosso concerto no Reverence…

João – Ainda não tínhamos lançado o EP…
Joana – Então temos mais dois álbuns.
Miguel – Dois álbuns e um EP!
Alex – Um álbum e outro a sair, tá quase.
Joana – Temos mais trabalho em cima.
Alex – Mais estrada. Mais concertos.

MDX – No final de 2015, tiveram a cena do Mexefest…

João – Acho que todos os concertos foram criando o seu impacto. Acho que temos criado impacto em Lisboa.
Alex – Sim, não houve um concerto que fosse a mudança de vida. Aliás, houve só um, que foi no Musicbox, que foi o Sziget. Que conhecemos o Pedro Azevedo. Isso mudou.

MDX – Uma das perguntas que vos fiz há três anos, relacionava-se com as parecenças sonoras com os PAUS. E agora vocês gravaram no HAUS. 

Alex – Sim, os dois. O Pensar e este.

MDX – É engraçada essa coincidência? Como foi trabalhar com pessoal que faz parte dos PAUS?

Alex – Foi giro, foi engraçado. Foi uma experiência nova. Isto já no Pensar Faz Emagrecer. Já nesta segunda vez, já conhecíamos, já foi mais tranquilo. Na primeira vez, foi uma experiência nova. Estávamos num estúdio já maiorzito, com pessoal que é bom e sabe produzir. Tem sensibilidade auditiva. O EP também.
João – Gravar com eles também não significa directamente essa associação. Eles também gravam outro tipo de bandas.
Alex – Eles gravam tudo. Acho que nós somos diferentes dos Paus.
João – Eles são uma referência e gostamos do som deles, não só da banda mas também da referência do que eles têm produzido.

MDX – Coincidência então.

Alex – Sim, acabámos por conhecê-los. Aconteceu.

MDX – E o que é que é este Quebra Nuvens, que é a razão pela qual estamos cá. O que é este trabalho e quais são as diferenças para o Pensar faz Emagrecer?

João – Neste álbum tentámos ter mais um conceito. Pensar mais nas coisas e na ideia à volta do álbum. Enquanto que no Pensar Faz Emagrecer foi mais uma compilação de sentimentos e sensações em ensaios. Foi cronológico. Neste tentamos que seja mais conceptual, porque o álbum será em duas partes. E tentar ter uma dicotomia entre o orgânico e o digital. Em que a primeira parte, o Quebra Nuvens, representa a parte orgânica e o álbum mais à frente, a parte eletrónica. E com isso contamos uma história que coloca a personagem Galgo numa luta interior e exterior contra a mudança, que é explicado no videoclip do Bambaré. E o resto da história se contará na segunda parte.

MDX – Vocês têm um conceito das Festas Galgo, na Casa Independente, alguns destes temas. Já tinham percebido qual era a dinâmica ou pensaram em refazer o trabalho?

Miguel – Também ajudou a perceber como as músicas funcionam ao vivo. É completamente diferente tocar em ensaio. Ainda por cima, antes de gravar qualquer coisa, perceber como é que elas funcionam. O que falta, o que é que tá vazio, o que tá em falta.
Alex – Foi limado.
Miguel – E nem tínhamos músicas. Duas delas.
Alex – Foi limar, acrescentar umas vozes.

MDX – Ao vivo é quase tirar a prova…

Alex – … a prova dos nove. Sim.
João – Sim, lembro-me de quando o concerto foi gravado no Musicbox, e tar a ouvir no carro. Antes da Casa Independente já tinhamos estreado um tema. E foi completamente diferente, mais agressivo e mais rápido. As músicas são completamente diferentes.

MDX – E por falar completamente diferente. Não sei se já repararam, mas no Spotify partilham a conta com um tipo de Israel. Já tentaram resolver isso? Ou vão fazer uma colaboração com ele?

Miguel – Não sabia desse de Israel.
Joana – Também não sabia.
Alex – É o gajo com a foto da capa com o pôr do sol, toda bonita, não é?
João – Isso é bué recente, não é? Procurei “galgo” no Facebook, e não vi.
Joana – É complicado de resolver. Tem o Spotify… Já se fez o contacto.
João – E tem mais que isso no Spotify. Mas já vimos espanhóis, e há uma banda alemã.
Joana – Já dissemos isto a gozar, mas um dia fazemos uma Festa Galgo com todos os Galgo por aí. Acho que era bué fixe.
Alex – Também acho que sim.
Miguel – Galgo PT. Galgo IT.

MDX – E agora para os próximos três anos? O que gostavam de fazer nos próximos três anos?

Alex – Música.
João – De uma vez por todas. Fazer Música. Tou farto disto do que ando a fazer.
Miguel – Tentar evoluir, ver espaços novos para tocar e pessoas novas para conhecer.
Joana – Ir para fora.
Todos – Sim, sim.
Alex – Experimentar lá fora. Acho que no próximo ano era fixe. Mas próximos três anos podem ser três álbuns. Queremos ir a sítios novos e ir lá fora. Acho que precisamos.

MDX – E voltar aqui, daqui a três anos.

Miguel – Obviamente.

Amanhã dia 16 de Abril é dia de lançamento de “Quebra-Nuvens” nas plataformas digitais, fiquem atentos ao canal da banda no Spotify.

Entrevista – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Ana Pereira