Concertos Reportagens

Labirinto & Then They Flew, o post rock a cruzar o Atlântico

Na passada terça feira dia 23 Maio o Sabotage Club brindou nos com uma generosa imersão de post Rock, oferecendo-nos dois concertos, de duas bandas que se poderiam dizer familiares e representantes do post rock. Os Labirinto, banda brasileira que conta já com cerca de 13 anos de existência, e os portugueses Then They Flew.

20170523 - Concertos - Labirinto (BR) + Then They Flew @ Sabotage Club

Encontrámos uma casa a meio gás, pouco composta de gente, no entanto os Then They Flew deram o seu melhor para interessar quem pudesse chegar, e no meio da sua harmoniosa angústia post rock arrancaram muita gente da monotonia de uma terça feira qualquer através dos seus riffs compostos e trabalhados à exaustão.

Os brasileiros Labirinto trilham o seu caminho desde 2003, numa mistura harmoniosa de riffs de guitarra cheios e e pesados e outros arranjos orquestrais, e uma percussão com um certo travo tribal que denuncia a nota tropical deste post rock do outro lado atlântico e vieram apresentar o seu mais recente registo, editado em marco deste ano, Gehenna.

20170523 - Concertos - Labirinto (BR) + Then They Flew @ Sabotage Club

O palco foi pequeno para albergar os seis músicos que se entregaram por completo à viagem que pretendiam proporcionar onde não faltou sequer o elemento visual comandado pela poderosa baterista da banda.

A integração de elementos orquestrais e elementos electrónicos como em Locrus ou Avernus mostram o complexo trabalho que a banda tem para criar este arrojado post rock, em que elaboram camadas sonoras sucessivas que preenchem na totalidade o éter e que nos traz uma sensação de viagem turbulenta mas ao mesmo tempo segura e apaziguadora.

20170523 - Concertos - Labirinto (BR) + Then They Flew @ Sabotage Club

Houve tempo para conversar com o público, e expressar algumas preocupações sobre a actual situação do Brasil, o que desanuviou um pouco o ambiente quase soturno que haviam criado através da sua música.

Num momento estávamos imersos numa vertiginosa explosão sonora crispada pelos poderosos riffs das guitarras e a bateria maníaca quase a explodir, no momento seguinte já num outro mundo onde apenas sentimos os sons apaziguadores criados electronicamente e misturados com a percussão para nos levarem qualquer receio.

O concerto aconteceu numa espécie de crescendo emocionante e foi uma boa demonstração do que se está a fazer a nível de sonoridades mais pesadas do outro lado do atlântico. A faixa que dá o nome ao álbum, muito bem executada fechou uma boa noite de música. Aguardamos nova visita!

Texto – Isabel Maria
Fotografia – Luis Sousa