Concertos Reportagens

Pedro e Os Lobos, “Este chão que pisamos” no Musicbox Lisboa

O concerto de lançamento em Lisboa, do novo disco de Pedro e os Lobos, “Este chão que pisamos”, teve lugar na semana passada no MusicBox.

Os Lobos subiram ao palco quase às 23h00 e, o lobo Alfa (Pedro Galhoz), sentou-se na cadeira como já é habitual nos concertos. A restante alcateia foi se ajeitando aos instrumentos, João Novais (Melech Mechaya) no contrabaixo, na bateria Guilherme Pimenta (A Jigsaw) e Sónia Oliveira na voz. Arrancaram com a música que dá nome ao primeiro álbum, “Um mundo quase perfeito”. Já enjeitados nos instrumentos, Pedro Galhoz confidencia que “criámos um monstro novo”, e seguiram com “Alma e Sangue” também do 1º álbum, fazendo referência à participação de Aldina Duarte. Sónia Oliveira, o novo “capuchinho” da banda, surpreendeu com a afinação e projecção vocais. Um capuchinho que enfrenta o lobo com todos os sentidos de alma e voz.

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Galhoz chama ao palco a primeira convidada do disco e da noite, Joana Machado (lançou o seu último CD também este ano, e tem sido muito apreciado pela crítica). O “capuchinho vermelho” (vestido vermelho), projecta os graves ao som do uivo do “lobo” (contrabaixo), que faz arrepiar. “Num sonho azul”. Iniciam neste tema as projecções a preto e branco nos écrans, dos músicos que estavam em palco, provocando um efeito mais intimista.

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Outro tema do álbum anterior, “Vou para sul”, um saudosismo às praias alentejanas que foram transformadas em cimento e que hoje já não existem com a mesma magia. “O tempo é ferro”, primeiro tema do novo álbum, fala de uma mulher que se casou por dinheiro e se separou por amor. Uma vez mais uma entrega visceral de Sónia Oliveira, que se eleva no refrão sentido “o tempo é ferro, o amor é aço”.

Segundo convidado da noite, Jorge Benvinda dos Virgem Suta. “Um dia assim” é o single do álbum, com um videoclipe de paisagens áridas e quentes de realização de Miguel Barrento. Sónia Oliveira a acompanhar Jorge Benvinda, uma junção de vozes “quase perfeita”.

Foi a vez de subir ao palco o último convidado da noite, Nelson Correia. Com um humor apurado, levou uma imperial consigo e disse “como já perceberam, eu sou o taberneiro”! Interpretou um dos temas mais fortes do primeiro álbum, “Volta à morte”, uma música que fala de um pacto com o diabo… “Debaixo da pele” nas mãos ausentes, efeitos dos dedos entrelaçados no micro que formavam pequenos olhos negros (“mãos ausentes (…) e os meus olhos”). “Debaixo da Pele”, também do primeiro álbum, onde a imagem da guitarra de Pedro Galhoz é projectada em grande plano no écran, num paralelismo à altivez da sua expressão no tema.

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Já quase no final, o Galhoz partilha o facto de o Pedro e os Lobos tocarem sem máquinas, “sem merdas” e enquanto afina a guitarra diz “A música vai suar exactamente assim”. Uma noite cheia de boas composições e bons músicos. O novo capuchinho de Pedro e os Lobos é um verdadeiro lince, altivo e possante. Parabéns aos Lobos e ao lince Sónia Oliveira!

Alinhamento
1.Num mundo quase perfeito
2. Alma e sangue
3. Num sonho azul
4. Não foi o amor que se perdeu
5. Vou para sul
6. O tempo é ferro
7. Um dia assim
8. Volta à morte
9. Debaixo da pele
10. Na noite fria

Texto – Carla Sancho
Fotografia – Ana Pereira