Opinião Reviews

Acid Acid, o Homónimo

Após nos aguçar o apetite com vários concertos e nos iluminar todas as veias do nosso corpo, o radialista e amante de música Tiago Castro que responde pelo nome de Acid Acid, vem agora mostrar ao mundo algo físico e que se possa ouvir em repeat sempre que apeteça embarcar por mundos e passagens do subconsciente. Sai amanhã o primeiro trabalho de Acid Acid e o Música em DX teve o deleite de o ouvir para poder falar-vos sobre ele.

As viagens carregam muitos pesos, tanto leves como pesados. Experiências boas, sensações menos boas, caminhos de perdição e até desvios de percurso. A viagem de que quero falar aqui é aquela que nos guia até lado nenhum e a todos os lados. Aquela que conforta, que inquieta e que nos faz levitar. Uma experiência única, leve no peso e pesada nas emoções.

Este disco contém a sabedoria e o encantamento capazes de nos criar encruzilhadas mentais e o despertar de todos os sentidos. Com ele sobrevoamos paisagens: florestas densas, desertos calorosos, fogueiras de culto, espaços cósmicos e até, simplesmente, céus azuis cobertos dum infinito apetecível. Encontramos fumos opacos e consistentes cobertos de certezas que transportam, por vezes, algumas incertezas.

Ao fecharmos os olhos, entramos num mundo de misticismo e tribalismo onde o psicadelismo comanda. Os sonhos que alcançamos podem ser perturbadores devido à forte carga que o subconsciente absorve. Surge a possibilidade de sermos guiados para sítios de onde não queremos regressar. Ao abrir os olhos, somos capazes de nos encontrar a dançar quase desnudados à volta de uma fogueira. Não há vergonha nem preconceito, há apenas a vontade de ser livre, a pureza da natureza e os tambores. O coração relaxa e bate lentamente, tudo é construído de maneira a gerar o mais profundo e tranquilo suspiro. Encontramos ambientes psicadélicos e experimentalistas onde as camadas de loops magnéticos se entranham em cada poro da pele e as distorções hipnóticas criam formigueiros no cérebro e no corpo.

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O disco é dividido pelo Lado A e pelo Lado B, compostos por 2 sets de 23 minutos e 33 segundos e 23 minutos e 46 segundos, respectivamente. A produção esteve a cargo de Tiago Raposinho, a mistura e masterização a cargo de Pedro Barceló e as percussões exóticas de Baltazar Molina.

Vai ser apresentado amanhã, dia 3 de Junho, pelas 21h30 no Palácio do Príncipe Real, a entrada é gratuita e o concerto vai contar com a participação de André Hencleeday (percussões), Violeta Azevedo (flauta e efeitos) e João Paulo Daniel (sintetizadores analógicos). O Música em DX aconselha a todos o embarque nesta viagem.

Texto – Eliana Berto
Fotografia (Capa) – Nuno Gervásio
Trabalho Gráfico (Capa do Álbum) – Kookoo.