As experiências sonoras transformam-nos e despertam sentidos e sentimentos que supomos escondidos. A curiosidade e a descoberta faz parte de todas as direcções e escolhas da vida. Na passada sexta-feira, dia 8, o MusicBox guiou-nos até um enredo sonoro onde pudemos mergulhar e partir para a descoberta.
Os companheiros e guias desta aventura foram os Teeth Of The Sea e a sua paixão por um experimentalismo claro, limpo e, ao mesmo tempo, confuso e desnorteante.
Do mapa que desenhava a viagem constava uma primeira paragem, a principal, por Higly Deadly Black Tarantula, último álbum da banda editado em Novembro de 2015.
Os Teeth Of The Sea são 4 e vêm de Londres. Trazem consigo a ânsia de voar e a sujidade dos becos e subúrbios londrinos, onde se revelam bandas marcantes. No fundo são uma mistura de tudo e de todos. Dificilmente se consegue catalogar o tipo de música que tocam, restando apenas falar da base e do objectivo de seguir pelo experimentalismo com fragmentos de psicadelismo. Não são necessários rótulos nem tentativas de apelidos, eles são aquilo e é suficiente.
Em cerca de uma hora as palpitações misturaram-se com as distorções. Os samples vindos de leitores de K7’s ou de PC’s consubstanciavam-se com os instrumentos de cordas e criavam um bolo de alucinações azuis. A voz do trompete criava o desvio que nos encaminhava para uma sanidade tranquilizante enquanto a voz do microfone inquietava e aumentava a intensidade da música. Por sua vez, os sintetizadores hipnotizavam e faziam de nós servos.
Do último álbum ouvimos “All My Venom”, “Animal Manservant”, “Field Punishment” e “Love Theme For 1984” tendo feito uma leve paragem no álbum Your Mercury com “A.C.R.O.N.Y.M” e terminado com “Responder” e “Reaper” de Master.
Apesar da falta de simpatia e interacção, o concerto tornou-se num momento agradável onde a surpresa se elevou e criou um certo sentimento de satisfação e conforto.
Texto – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa
