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The Cosmic Dead, a brutalidade do psicadelismo cósmico

Sábado de verão. O calor que se fazia sentir nas ruas de Lisboa, sentiu-se a triplicar dentro do Sabotage Rock Club, não só por estar cheio, mas também porque os convidados que subiram ao palco decidiram atear um fogo.

A pólvora foi espalhada pelos Urso Bardo. Os lisboetas, vieram apresentar o seu EP de estreia. Donos de um rock instrumental limpo e bem trabalhado, com algumas tonalidades de Pink Floyd, em quase 1h de concerto, estes senhores tanto trouxeram picos de euforia, como picos adversos. Apesar das guitarras estarem bem alinhadas e a caminhar na mesma direção, há algo que precisa de ser trabalhado para evitar a monotonia melódica e a falta de força existente em algumas faixas. Mas, o início traduz-se na descoberta e é a trabalhar que se descobre e a ouvir que se aprende. O talento existe e é forte, só precisa de ser explorado. Os Urso Bardo iniciaram com a faixa “Huck Finn” e terminaram da melhor maneira com a “Do Fogo”, aquele ao qual deram início.

Vindos do Milhões de Festa e já com um público ansioso, os senhores de Glasgow, The Cosmic Dead, sobem o degrau um a um e apresentam-nos uma coesão e brutalidade instrumental capaz de estremecer o chão e o coração.

Os quatro, em comunhão entre eles e com o público e pelo meio de um headbanging coletivo, espalharam um caos sonoro que deixou os presentes a salivar por mais. O psicadelismo era marcadamente forte e grotesco. Lewis Cook, o homem do sintetizador e voz tinha poderes hipnóticos e foi ele o guia do concerto e James T McKay, tinha o domínio nas cordas e na voz robusta, todo ele transpirava garra e força. O instrumental, complexamente bem construído, abria raramente a porta à voz que, mesmo não sendo necessária, aparecia sempre no tempo certo.

Foram apenas três as faixas tocadas: “The Exalted Shoastman”, “Djamba” e “Easterfaust” e em 50 minutos foi servida uma poção mágica alucinogéna que soube a muito pouco.

O concerto terminou com os instrumentos de cordas pendurados no tecto e com o sentimento de satisfação e completude plasmado nas caras do público.

Texto – Eliana Berto
Fotografia – Valentina Ernö (Silvana Delgado)